Na Campanha das Diretas Já, em 1983, uma palavra de ordem finalmente anunciou o fim de uma aparente letargia contra uma ditadura paralela, constituída pela quase onipresença da Rede Globo de Televisão na formação da opinião pública nacional. Insatisfeitos com a omissão deliberada das Organizações Globo na cobertura daquela histórica campanha, os manifestantes gritaram: o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo!
Uma ditadura, a Militar, estava nos estertores; e a outra, a da Globo, recebeu a primeira sacudida nos seus fortes alicerces.
Esta semana, tão efervescente de episódios relevantes (acordão entre o governo e oposição para livrar os senadores denunciados de irregularidades, mais atos secretos no Senado, Marina Silva fora do PT, denúncias contra Dilma Rousseff, protestos do MST contra a reforma agrária do Governo Lula etc), trouxe à mídia uma luta de titãs que já acontecia nos bastidores: o embate entre a Rede Globo e a Rede Record.
A semana começou com as denúncias, veiculadas no Jornal Nacional da Rede Globo, de que o bispo Edir Macedo e asseclas usam as doações dos fieis da Igreja Universal do Reino de Deus para enriquecimento ilícito e aumento de patrimônio, a exemplo da aquisição da Rede Record (Oh novidade!).
Mas a motivação maior da poderosa Rede Globo de Televisão não é a defesa do interesse público contra as já conhecidas práticas de extorsão de instituições religiosas, cujas vítimas são os seus ingênuos fiéis. É justamente o de eliminar uma cada vez mais forte concorrência ao seu pretenso monopólio de comunicação, no caso a Rede Record, não a toa pertencente à Igreja Universal do bispo Macedo.
Lembremos das denúncias contra o ex-deputado federal e ex-presidente do Vasco da Gama, Eurico Miranda. Na época, Eurico Miranda foi contra o monopólio da Globo na transmissão do Campeonato Nacional de Futebol.
Lembremos, também, do recente caso envolvendo a TV Diário, cuja transmissão via satélite (antena parabólica) foi suspensa mediante ação judicial impetrada pela Rede Globo.
Existem várias formas de ditadura, e o poder excessivo de um meio de comunicação se constitui numa das piores.
Como era de se esperar, a Record deu o troco. Para ver clique no link abaixo.
Um comentário:
Carlos,
E tudo é um grande teatro. Com este novo formato de entrevistas, pessoas em pé, corta para Brasília, Rio, São Paulo tudo se tornou uma peças em vários atos.
Hoje mesmo no Bom Dia BrasiL: entrevistas com um deputado, um senador e um deputado que lembra, cinicamente, a liberdade de imprensa como valor fundamental da democracia. Depois apresentam a defesa da Igreja Universal do Senador Marcelo Crivela em discurso no plenários. Aí corta para a Zileide Silva e esta: é bom lembrar que o Senador Marcelo Crivela é sobrinho do Bispo Edir Macedo. Ao que grito do meu canto para ela: e você é assalariada dos Marinho. Ela não me ouviu, mas muita gente deve ter pensado o mesmo.
Postar um comentário