TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O Intelectual e o Político (de ORTEGA e GASSET)

A missão do chamado «intelectual» é, de certo modo, oposta à do político. A obra intelectual aspira, frequentemente em vão, a aclarar um pouco as coisas, enquanto a do político, pelo contrário, consistir em confundi-las mais do que já estavam. Ser da esquerda é, como ser da direita, uma das infinitas maneiras que o homem pode escolher para ser um imbecil: ambas, com efeito, são formas da hemiplegia moral.

Ortega y Gasset, in 'A Rebelião das Massas'
Imagem: Ortega por Zuloaga 1931

4 comentários:

Bart Simpson disse...

Antonio Sávio
òtima definição do papel de intelectual. a oposição entre esclarecimento e obscurantismo (ou confusionismo) é muito boa. no campo da arte o verdadeiro intelectual serve para nos indicar possíveis leituras de obras das quais não temos as informações necessárias para as fruirmos com a intensidade necessária.

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Sávio,

O interessante desta tua escolha de Ortega & Gasset é revelar o quanto podemos extrair de um termo e do outro. No entanto ele apenas põe a categoria profissional (ou essencialmente militante) como uma dimensão humana e certamente muito mais se pode pensar. Por exemplo e quando a pessoa não estiver em sua prática principal (intelectual ou política)? Quem confunde e quem aclara. Mais ainda e se colocarmos o intelecto como uma faculdade humana e a política como uma arte ou ciência ou ainda a natureza fundamental do ser humano em face do outro. Sabe, caro Sávio, eu acho que o Ortega nestes momentos mostra sua estatura ideológica, muito mais conservadora e rasteira que partes importantes de seu pensamento intelectual.

Unknown disse...

Já dizia Gramsci, "Deve-se destruir o preconceito, muito difundido, de que a filosofia seja algo muito difícil pelo fato de ser a atividade intelectual própria de uma determinada categoria de cientistas especializados ou de filósofos profissionais e sistemáticos." GRAMSCI, Antonio. Concepção dialétida da História. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991, p. 11.

Antonio Sávio disse...

Caro José. Acho sempre possível um debate quando aparece claramente não só a opinião oposta, mas, como em seu caso(e de muitos que não os cito agora), sobretudo a respeitabilidade. A respeito do que disse que aparece aí a postura do Gasset, acho que é justamente isso que o difere dos nossos intelectuais. Pelo menos os que mais admiro, tem realmente uma postura ideologíca, não que, isso necessariamente o remeta a uma filiação partidária, como comumente acontece no Brasil. A postura do mesmo, ao ser vista como conservadrora não pode ser simplente vista de modo depreciativo. Foi difundido em nossa cultura que ser conservador é algo feio, retrógrado, domode. Há muito o que se conservar. Resta-nos saber o quê.