TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Programa Compositores do Brasil: Hoje na Rádio Educadora

Por Zé Nilton



Todas as quintas-feiras, a partir das 14 horas, é levado ao ar o programa COMPOSITORES DO BRASIL, pela Rádio Educadora do Cariri.

Hoje, dia 10, vamos falar de Guerra Fria, Corrida Espacial e a Música Popular Brasileira. A contextualização entra como um pré-texto para falar mesmo de música, de compositores brasileiros e suas formas de cantar, encantar e desencantar o cosmo e o objeto de desejo da corrida espacial, a lua.
Começaremos pelo uruguaio/brasileiro, Fábio, à procura de “Stela” (1968), ecoando sua belíssima voz pela imensidão do universo:

Stela,Em que estrela você se escondeu
Em que sonho você vai voltar
Quanta espera de você
”.

Nesta mesma linha vem João Gilberto, e também solta (ou prende) a voz, indagando por onde anda a sua amada, perdida nos confins do espaço sideral, no “Samba da Pergunta” ou “Astronauta” (1970):

Ela agora
Mora só no pensamento
Ou então no firmamento
Em tudo que no céu viaja
Pode ser um astronauta
Ou ainda um Passarinho
Pode estar num asteróide
Pode ser a estrela D’alva
Que daqui se olha
Pode estar morando em Marte
Nunca mais se soube dela
Desapareceu
”.

E falando diretamente da lua, bem antes do grande conflito, o excelente Custório Mesquista saia na frente na defesa da iluminadora dos amores, revelando em tom de cumplicidade, em “Se a Lua Contasse” (1933) sua arrebatadora paixão, o fazendo na magistral interpretação de Aurora Miranda:

Se a lua contasse
Tudo que eu sei
De mim e de você
Muito teria o que contar
Somente a lua foi testemunha
Daquele beijo sensacional
Nesse momento foi tal o enlevo
Que a própria lua sentiu-se mal
”.

Bem depois, Renato Rocha, com a música “A Lua” (1981), desconserta Custório Mesquita quando canta a Lua e seus ciclos insensantes, através do MPB4:

“A lua,
Quando ela roda é nova
Crescente ou meia, a lua é cheia
Quando ela rodaMinguante e meia
Depois é lua nova... mente quem diz
Que a lua é velha
”.

Até o nosso Chico Buarque entra no assunto e faz uma referência direta à chegada do homem à Lua, em 1969. Reclamando, ele canta em “Essa moça tá diferente” (1970):

"Eu cultivo rosas e rimas
Achando que é muito bom
Ela me olha de cima
E vai desinventar o som
Faço-lhe um concerto de flatua
E não lhe desperto emoção
Ela que ver o astronauta
Descer na televisão
.”..

Na sequência, vem “O astronauta”, de Helena dos Santos, (1970), com Roberto Carlos; “Eu vou pra lua”, sem ligar-se muito no acentuado “machismo” de Ari Lobo (1960); “ Na lua não há” (1963), a primeira música de Helena dos Santos gravada pelo Rei, depois de muito perseguí-lo e implorá-lo; “Marcianita” (1960), um twist fantástico com Sérgio Murilo. O grande Adelino Moreira espatifa todo o romantismo poético dos nossos compositores e declara em Boêmio Demondê (1963), no vozeirão de Nelson Gonçalves que:

Minha seresta,
Não terá pinga na rua,
Não terá luar nem lua,
E nem lampião de gás,
Porque a lua,
Nesses tempos agitados
Já não é dos namorados,
Romantismo não tem mais
”.

Por fim, Armando Cavalcanti e Kleucius Caldas já haviam assegurado, na composição “A lua é dos namorados” (1961), através de Ângela Maria, que não deveria ser nada disso, porque

Todos eles estão errados,
A lua é dos namorados
”...

Muitas e muitas músicas sem dúvida temos no nosso cancioneiro popular. Contudo, procuramos aquelas mais próximas do contexto da Guerra Fria e da Corrida Espacial.

Este será o tema do Programa COMPOSITORES DO BRASIL, de amanhã.

Quem ouvir, verá.

2 comentários:

Anônimo disse...

Obrigado, meu caro, pela reprodução da noticia para hoje. Amigos e pressas coisas...

Carlos Rafael Dias disse...

Valeu, Zé, já estou aqui ao pé do rádio para ouvir esse programaço de hoje.