Aqui, bem aqui, onde as plumas valsam ao sol do meio dia
Aqui, onde as vagas não chegam, onde as gotas não caem
O tempo é sol, e sendo este dia e noite protagonista da dor,
Pai do medo e da fome, não sobraram poetas para cantá-lo.
Aqui, bem onde desconfio ser o coração do sol
Não existem Leminsks, não cantam Jobins
Dalís morrem ao primeiro raio de realidade
Cá, somente valsam viventes com almas em frangalhos
Olhos secos de arte, cegos de fome, fome, de quem não come mais as migalhas
Sequer de um só sonho. Medonho!
Aqui, onde a lua é mera tolice, luz boba e teimosa, inútil.
Útil seria cá entre meus dedos, para torcê-la,
Assim como fiz nas carnes de Maria, e a vi gemer...
Assim queria-a, entre meus dedos para ver se ela me gemeria
Um só gole d’água, para uma garganta sedenta, fomenta e atordoada pela realidade.
Foto: Deise Rezende
5 comentários:
Sávio lutaa com a tormenta. Ainda muito jovem há nele um vulcão com explosões por suspiros que um dia prometem uma cratera. Ele trabalha a poesia no limite de seu próprio "choque" na radicalidade em que para muitos é mediano. Seja em seus debates políticos ou na sua poesia o Sávio é tenso e intenso. Agora neste limiar de Araioses, onde a vida se faz por um caranguejo, Sávio quer mais da poesia do que apenas o verbo. Ele quer a ação. Qual ação. Não sabe por completo (e quem sabe?) mas mergulhou nela.
É... Parece que a poesia tá voltando. Esse foi um dos melhores poemas que já vi no blog. O poema faz a curva, digamos, perfeita.
Sávio,
meu camarada,
que poema pleno de poesia!
Um forte abraço.
grande poesia, Sávio, já estava cansado de ver tanta matéria aleatória e de escrita esquisita no blog,
no front sempre
abraços
Agradeço a todos pelos comentários. Acho que o blog é pleno de poesia quase sempre, vocês mesmo, com suas respectivas contribuições que os digam. O poema fala de qualquer uma das cidades abandonados por Deus e observada pelo o sol, dia e noite. Mas que a mesma sorte não tenha o CaririCult.
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