TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 13 de setembro de 2009

Temperança e destempero - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Dizem os historiadores modernos que os Gregos desenvolveram como norte o conceito da Temperança. Talvez para a modernidade em que “tudo que é sólido se desmancha no ar” seja um desejo de conservação pensar-se na temperança e, portanto, não foi tanto assim dos gregos. Afinal os gregos tinham suas tragédias e todas veiculadas pela paixão e, de algum modo, a intemperança por consumo de desejos sobre a parcimônia do presente.

Nós leitores da internet e da grande mídia temos as paixões por veículo. Não é possível se apartar o fato que todo repórter por mais independente que seja é empregado do dono da grande mídia. É empregado do patrocinador e tem por corredor estreito o leito dos fatos e as muralhas que controlam os fatos. É impossível esquecer-se o papel controlador dos proprietários sobre a “liberdade de imprensa”.

Sobre a internet, especialmente este universo dos sítios e blogs já algo diferente ocorre. Não muito, pois a matéria deles não consegue fugir muito do efeito eco da grande mídia, quando muito da “originalidade” é mera repetição das “afinidades eletivas”. De qualquer modo o efeito mão dupla é verdadeiro e mais direto do que em jornais e TV. Já no rádio com a telefonia muito se conseguiu, apesar da censura pública.

Mas voltando à internet é nela que passamos pelo que espero uma fase de transição. Espero, já que os efeitos que discutirei poderão, pelo contrário até acentuar-se num verdadeiro boi de Parintins com o Azul e o Vermelho digladiando-se até os fins dos tempos. Na fase de transição as pessoas se põem uma em face do pensamento das outras. Então os espíritos acostumados ao discurso entre pares, a uma hegemonia de pensamento, se chocam com idéias diferentes. Nesta fase forma-se um abalo que costuma arrogar-se de xingamentos e de uma quase histeria de argumentação.

Na fase que imagino posterior, teremos mais conhecimento das idéias em luta (nunca deixarão de existir) e sobressairão mais argumentos que os bate bocas atuais. Se de fato ocorrer estaremos na fase virtuosa desta nova mídia, quando efetivamente poderemos provar tanto dos clássicos embates dialéticos como daquilo se construiu na dialógica. Estamos falando efetivamente de leitura e escrita, quando, no caso destas novas mídias de mão dupla, ambas procuram ter sentido, como um diálogo em que o processo se inicia como uma resposta ao interlocutor.

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