Toda cidade tem sua história, sua cultura e sua geografia. Durante muito tempo a categoria tempo teve privilégio sobre a categoria espaço, sendo esta última percebida pelos economistas bem antes da ciência geográfica ter existido, porém, sendo suas abordagens ainda insuficientes para a compreensão da problemática espaço e suas transformações.
A história e a geografia são ciências de extremo valor para o reconhecimento de uma sociedade e para a manutenção de elementos culturais que existem na mesma. É através do conhecimento histórico que a Europa até hoje sustenta seu imenso império cultural que foi construído através dos séculos e é através da geografia (sem esquecer aqui também das condições econômicas privilegiadas) que a mesma consegue dar uma funcionabilidade aos seus mais diversos espaços, minimizando assim os possíveis conflitos territoriais. Aqui no Brasil a história só foi aprendida pelo governo para fazer turismo em algumas cidades e a geografia até hoje é uma ciência completamente ignorada.
Mesmo essas teorias defasadas não são postas em práticas pelos governos, fazendo assim modificações urbanas irresponsáveis, violentando territórios, ignorando diferenças regionais e ficando cegos em relação as modificações sócio-espacias achando que toda modificação no desenho urbano aparece para melhor ( o que no mínimo demonstra a total ignorância do sujeito).
Perfeito exemplo da transição das máquinas de morar tão vistas pela geografia quantitativa ou teorética e dos primeiros passos da arquitetura pós-moderna. Linhas retas e a idéia de funcionabilidade marcam as características dessa nova geografia que se desnvolve pelo Cariri. O lugar que era uma casa dá espaço para o comércio.
Toda essa situação relatada brevemente acima se dá também (ou principalmente por) a falta da qualidade educacional no Brasil (o que se aprende nas faculdades de geografia e história no Brasil são teorias totalmente defasadas e que são estudadas em outros continentes apenas pelo ponto de vista da evolução epistemológica) e da falta do exercício da democracia.
Vila Lobo - Local onde a educação, seguraça e moradia digna não chega. Grande parte da população é analfabeta ou analfabeta funcional. Alto índice de criminalidade, baixo índice educacional e certamente uma zona do IDH mais baixo da cidade.Mesmo essas teorias defasadas não são postas em práticas pelos governos, fazendo assim modificações urbanas irresponsáveis, violentando territórios, ignorando diferenças regionais e ficando cegos em relação as modificações sócio-espacias achando que toda modificação no desenho urbano aparece para melhor ( o que no mínimo demonstra a total ignorância do sujeito).
Atualmente podemos ver no Crato um processo acelerado de urbanização, onde diversos pontos da cidade estão sendo transformados de forma violenta. A verticalização da cidade cresce a cada dia e a falsa idéia de evolução acompanha tudo isso. Nesse processo cabem as perguntas: Como o Crato cresce? Para onde ele cresce? Para quem ele cresce? Viela no Alta da Penha
A resposta de todas essas perguntas pode-se ver facilmente para quem tiver o mínimo de conhecimento sobre geografia urbana. A cidade apresenta espacilidades diferentes, sendo que cada uma delas vivem um período histórico diferente. Isso mesmo! Nem todo o Crato vive em 2009. É importante saber que a geografia, como dizia Milton Santos, não é ciência que estuda apenas as formas e modificações espaciais, caso contrário seria o geógrafo um mero geômetra. O que se faz necessário compreender urgentemente é que nesses espaços que são violentados as sociedades que vivem ali são as que sofrem suas principais conseqüências.Viadulto nas proximidades do bairro Pinto Madeira ao lado da igreja São Francisco - Mais um lugar de abandon o das autoridades onde se encontram inúmeros jovens em um ambiente hostil de fácil acesso as drogas e a prostituição.
Com o passar do tempo o Crato assim como outras cidades foi crescendo de forma desigual e sem nenhum planejamento, sendo que suas modificações são meras adaptações ao atual estado da população, sendo a prefeitura e os governos estaduais e federais incapazes de pensar nas necessidades futuras e assim atuar de forma preventiva. Como se já não bastasse isso as poucas ações que são realizadas são de forma falha passando pelo crivo apenas de engenheiros, que por sinal, não tem a mínima noção de que forma o aparato que ele constrói atua naquele território que foi alocado. Assim, ignorando questões elementares da geografia, outros espaços vão sendo modificados aos poucos, mas de forma ininterrupta, mostrando novas faces da cidade que são importadas, mostrando uma estética pós-moderna que não tem nenhuma relação cultural com a região, sendo esta totalmente importada. Poderíamos falar sem medo sobre uma globalização das formas sobre os territórios.Asfalto no Centro do Crato isolando a camada inferior do calçamento que tem maior capacidade de absorver calor e dando maior velocidade as águas em dias de chuva pnde em muitos lugares, não suportando a pressão das águas acabam por ceder muros, romper esgotos e a própria malha asfáltica de baixa qualidade acaba por ser facilmente desgastada.
A cada dia, cada território que tinha suas características essências vivas, vão sendo modificados por elementos estranhos a sua própria dinâmica. Governo, construtoras e por fim os próprios habitantes , já de forma totalmente alienada, aderem as novas estéticas espaciais e arquitetônicas. O que a princípio pode parecer fútil, torna-se claro que não é quando sabemos que a urbanização e suas modificações atuam sobre os espaços e territórios, mas que o urbano toma forma social nos comportamentos, sendo hoje muito difícil não perceber tais elementos na sociedade cratense e não só cratense, mas em todo o território nacional. É aí onde a cultura perde suas características iniciais sendo também violentada, não suportando a violência da chegada de outros elementos culturais que destroem suas características. Cada território violentado espacialmente sem sombra de dúvidas culturalmente ao mesmo fardo estará fadado. Não é de se estranhar que toda essa alienação e degeneração cultural que atualmente vivemos vem precedido de fatos históricos importantes que agiram sobre a sociedade caririense e que foram ignorados, de mudanças espaciais e territoriais que foram e continuam sendo negligenciadas. Vejamos abaixo alguns exemplos.Perfeito exemplo da transição das máquinas de morar tão vistas pela geografia quantitativa ou teorética e dos primeiros passos da arquitetura pós-moderna. Linhas retas e a idéia de funcionabilidade marcam as características dessa nova geografia que se desnvolve pelo Cariri. O lugar que era uma casa dá espaço para o comércio.
AS MÁQUINAS DE MORAR: As residências perdem totalmente as personalidades que eram as marcas de seus donos passando a ter uma padronização dos espaços, seduzindo seus donos com a idéia de uma estética inovadora, mas que moram descaracteriza a cidade e seu patrimônio arquitetônico. Vejamos abaixo alguns exemplos que se multiplicam pela cidade.
Poderia aqui expor uma série de outras modificações que geralmente tem passado sem nenhum debate pela comunidade acadêmica de geografia, ou estes ficando restristos ao ambiente acadêmico por meio de aulas. Autoridades responsáveis nunca foram questionadas pela série de erros que vem ocorrendo ao longo de muitas gerações mostrando perfeitamente para que (não) serve a geografia como ciência na nossa região, e, sobretudo, para mostrar o "vigor" da geografia na URCA. Tímida, feliz, sorridente e sonolenta.
3 comentários:
Antônio Sávio, você tocou num assunto a que pouca gente dá atenção. O espaço das cidades se transforma numa velocidade sem igual, assume aspectos tais , que parece existir uma única função ao morar. Trata-se da velha função a que tudo está destinado na nossa ordem, desde a energia das pessoas, à água, à arte e ao diabo: o lucro na sua forma capitalista.
O lucro foi a maior invenção do capitalismo. Porque quase tudo na natureza e na sociedade traz em si uma potência de lucro. "Que desperdício, tanto oxigênio que a pessoas respiram e não pagam um centavo por ele!", pensa um bom homem, com uma gigantesca capacidade empreendedora. É de tirar o sono, de fazer o sujeito perder o desejo sexual pela patroa, ver que não pode explorar um elemento tão vital, portanto, com uma procura garantida ad infinitum.
Pois bem, essas mudanças impostas de forma tão cruel ao espaço, em geral, derivam da necessidade de reprodução do capital. Não se deve à ganância do indivíduo A ou B, mas à estrutura do próprio sistema. Essas casas padronizadas que você diz não terem personalidade não passam de mercadorias espalhadas por todo lugar, como qualquer outra coisa. São portadoras de mais-valia, para usar a linguagem daquele tiozinho barbudo, amado por uns, odiado por outros.
Por que os governos estariam preocupados com a forma como as cidades crescem? Independentemente de qual seja o governo, em geral, não existe essa preocupação, porque sabemos que a política corrente, os partidos políticos, tudo é um grande negócio. E todo negócio, sobretudo os grandes, tem que gerar um retorno de capital. Aliás, a grande sacada dos capitalistas está na apropriação do Estado, na colocação de seus prepostos em todas as instâncias possíveis. Fica mais fácil.
O que você está enxergado com muita sensibilidade é algo que aqui nessa horrível cidade as pessoas já estão acostumadas de tal forma, que não lhes causa mais estranhamento. Se é que um dia já causou. É o dindin em ação, com sua fúria transformadora, que faz pedra virar vento.
Em São Paulo, são milhões vivendo em caixas de cimento. Existe aqui uma favela que dizem ter cem mil moradores apinhados num espaço de mil metros quadrados. A favela de Paraisópolis, no coração do Morumbi, onde vive parte da nobreza.
O centro velho da cidade tornou -se um lugar desesperador. Ninguém sabe o que fazer com ele. São prédios tristes, defasados, traídos. Quando cai a noite, torna-se um território de fantasmas, uma fusão perfeita entre as condições em que se encontram os edifícios e os frequentadores das ruas. Pessoas que a cidade gostaria de não ter mais, mas falta a coragem de expulsá-los.
Valeu!
Olá Chagas. Agradeço seus comentários. Poucos sabem que sou geógrafo formado pela urca mas trabalho aqui em Teresina. A maioria geralmente me conhece por alguns poemas que posto aqui.
Abraços.
Em 1980, eu morei na Rua Picos, lá na Piçarra, na casa de um tio que ainda hoje mora lá.
"Teresina. A que será que se destina..."
Abraços.
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