Deixo na calçada da minha primeira rua
meus sonhos ultrajantes, minha tolice humana,
meu cinismo, meus vícios, meus desgostos,
minha lânguida descrença.
Esqueço para sempre o espelho -
os olhos vagos, a mente canina.
Não mais reparto com os vizinhos
meus uivos e meu silêncio materno.
A lucidez que me busca
é uma morte mascarada.
Então que seja profundo o abismo
e tenra a queda.
Prometo que os pés tortos
um dia hão de voar.
E dos céus cairemos juntos:
eu, andorinhas e oitis maduros.
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