I
Vejo gafanhotos
exibindo belos adornos
nas longas patas
minhocas acordam da terra fofa
com os olhos contentes
quem diria até o diabinho
encosta seu tridente
aceita tomar um cafezinho
em companhia da sua antiga vítima.
Quanta delicadeza entre os vizinhos
nunca se falaram sequer um bom dia
mas reina o clima natalino
abrem a guarda
dão-se trégua
até o anjinho perdoa aquele sujeito
do primeiro andar
místico descarado
um esquisitão confesso.
II
Vejo borboletas em paz
dentro do casulo
não precisam entrar pelas janelas
hoje é o poeta que bate à porta.
Por favor, nada de vinho
tampouco panetone
só quero mesmo
ver como fazem vocês
para pintar essas cores.
Estive tão ocupado
escrevendo versos
nunca lhes toquei as asas
nem o milagre vi de perto.
III
Vejo as bijuterias da minha irmã
balançando com o vento.
Atrás o sol me olha
na fachada do outro prédio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário