TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 17 de janeiro de 2010

... São lembranças de um carnaval ...

Por Jorge Carvalho
Final dos anos 60, início da década seguinte, anos 80. A Rádio Araripe, através da iniciativa do saudoso Eloi, nos primeiros dias do mês de janeiro, colocava no ar, sempre após as 16 horas, o “Expresso Carnavalesco H20” – posteriormente com mudanças na sintonia da emissora associada “Expresso Carnavalesco 603”. “Forçava” assim, o grande Eloi, os foliões, os brincantes de uma maneira geral e a própria população a realização espontânea de mais um carnaval. Víamos nos bairros os ensaios das escolas de samba. A cidade despertava, acordava, se preparava para mais um período momino. O clima de autoestima, de ser realmente cratense, de alegria “invadia” toda a cidade. A crônica carnavalesca era organizada e dava apoio total ao momento festivo. Turistas dos mais diversos estados do país aqui chegavam. Hotéis, pousadas, residências familiares e de amigos super lotavam de alegres visitantes. “A alma” da cidade se enchia de entusiasmo. O seu coração (Praças da Sé e Siqueira Campos) pulsava mais forte. Zé Maia era seu símbolo maior. Maestro Azul preparava a bandinha e seu agradável repertório. Alegria total. Ruas Dr. João Pessoa, Miguel Lima Verde e Praças acima citadas eram espaços pequenos para tanta gente. No domingo e na terça os desfiles oficiais das nossas escolas de samba. No palanque, o prefeito da cidade, secretários municipais, o rei momo. Eloi, pela Araripe, Heron, pela Educadora aprontavam seus equipamentos de transmissão. Nosso povo era feliz e sabia. 20 horas, mais ou menos, terminava o carnaval de rua. Íamos direto para as dependências do Crato Tênis Club. Chegávamos ao bar do querido Juarez: uma, duas, três cachaças. Adentrávamos o Clube do Pimenta. Descontração total. A indiferença e o descompromisso dos três últimos administradores municipais, a omissão e o silêncio por parte da imprensa local, o preconceito por parte de nossa elite econômica e social, entre outras situações, inviabilizou a felicidade de nosso povo simples e bom, nossos trabalhadores, que tinham no carnaval da cidade um dos seus poucos momentos de lazer e descontração.
... São lembranças de um carnaval que passou... como diz a canção carnavalesca (um abraço Abidoral!).

Jorge Carvalho - Professor
Janeiro/2010

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