Cortei as unhas.
Mas não tirei a barba.
Não tenho anéis.
Nem cavanhaque.
Meus dentes amarelos.
Meu hálito estonteante.
Ocupo-me basicamente
com a renovação do meu harém:
lagartixas se foram,
agora flerto um besouro.
Sou vândalo, pois sim.
Encostado ao canteiro
meu pégaso come capim.
Já mudo de pele.
Deixo o verniz dos sonhos
sobre os ombros do roedor.
Lá vai o esquilo
com minha muda
em volta do pescoço.
Os sapos uivam,
os lobos coaxam:
tarde da noite
na floresta
quem sabe
do poeta?
Cortei as unhas.
Mas não passei esmalte.
O cheiro lembra
meu primeiro ópio.
E eu sequer sabia
que a mentira reina
e o mundo não é distante.
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