TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Versos Ralos

Cortei as unhas.
Mas não tirei a barba.

Não tenho anéis.
Nem cavanhaque.

Meus dentes amarelos.
Meu hálito estonteante.

Ocupo-me basicamente
com a renovação do meu harém:

lagartixas se foram,
agora flerto um besouro.

Sou vândalo, pois sim.
Encostado ao canteiro
meu pégaso come capim.

Já mudo de pele.
Deixo o verniz dos sonhos
sobre os ombros do roedor.

Lá vai o esquilo
com minha muda
em volta do pescoço.

Os sapos uivam,
os lobos coaxam:

tarde da noite
na floresta
quem sabe
do poeta?

Cortei as unhas.
Mas não passei esmalte.

O cheiro lembra
meu primeiro ópio.

E eu sequer sabia
que a mentira reina
e o mundo não é distante.

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