(Ouvindo Kothbiro de Ayub Ogada)
Ah, dê-me a sua mão!...
Ainda há tempo
e tudo o que precisamos
é abrir o caminho de mãos dadas
até que a montanha esteja próxima
tão próxima como o ar
leve
suave
deslizando na pele
Dê-me sua mão!...
Por que esperar a noite,
os mistérios em suas franjas?
Por que não cruzamos o mar,
não caminhamos nas ruas em silêncio?
As luzes cortam meus olhos
onde posso chegar só com os meus passos?
Onde serei mais do que grãos de areia
quando passar o vento enfurecido?
As águas descendo sobre meu corpo
meu rosto entre as nuvens
uma cordilheira nos meus ombros
um pouco de sorte
Dê-me sua mão!...
Ainda que os séculos sejam todos
do que não deveriam ser:
homens com medo
crianças no fim da imagem
rios desesperados
meu nome na memória
no vento meu cheiro
minha alma de volta à origem
Dê-me sua mão!...
Ainda há tempo
Cada coração espera
que sejamos mais do que seríamos
de mãos separadas
o amor é a nossa herança
por que não a partilhamos
enquanto ainda há tempo?
Pouco fizemos com as palavras
largamos sua essência
no meio do calor
mas ainda há tempo
de torná-las vivas
ainda há tempo de fazer vibrar
sua verdade em nós
Dê-me sua mão!...
2 comentários:
Parece-me, vejo tua imagem,
no alto de uma cordilheira
os olhos semicerrados
e o silêncio redemoinho
dentro da tua alma...
Chagas,
belíssimo poema.
Forte abraço.
Domingos,
minha alma em silêncio
contempla
de olhos semicerrados
a imagem da cordilheira
e o redemoinho
que trouxe tuas palavras.
Abração
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