TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 29 de março de 2010

Quem se plantem muitas espécimes no nosso solo. - Por José do Vale Pinheiro Feitosa

Das palmas. Monarcas ou Republicanas tudo já se disse. Até das relações edafo-climáticas. Todos sentimos a plenitude do tema. De como na internet passeamos em cada nota. Em cada parágrafo. E aí forma-se uma dodecafonia, em que cada parágrafo merece a devida desenvoltura. A contar o gosto por cada tema evocado na tessitura do discurso.

Como membro pleno desta riqueza que só pode brotar nestas terras úmidas da chapada do Araripe, eis-me agarrado a uma nota. O gosto cearense pela moda. Gosto por aquilo que é moda. O gosto pela imitação. Aliás desconfio que o Banco do Nordeste deve ter se tornado proprietário ou sócio de um banco de espécimes da Palma Imperial.

Não é de agora. A entrada triunfal de muitas cidades nordestinas era feita com estas palmas. Era uma era das alamedas imperiais, um tanto perfiladas para uma espécie de desfile da Nova Roma nas Américas. Aliás uma das mais curiosas cidades nordestinas é Rio Tinto, na Paraíba. Na entrada a arquitetura de tijolos aparentes, todos avermelhados do que foi, no idos de ouro, a tecelagem da Casas Pernambucana: no ladear da via as belas palmeiras imperiais.

Quase me esqueci do Banco do Nordeste. Na região do litoral o Banco finaciou vários empreendimentos de plantio de côco, incluindo centros de beneficiamento e até mesmo granjas. Em todos eles o frontal que acompanha o empreendimento é inteiramente de Palmas Imperiais.

Aliás nós, os transeuntes entre Crato e Juazeiro nos lembramos dos Eucaliptos já desaparecidos de um lado da fronteira e as Palmeiras Imperiais que murcharam entre um deslize e outro não. O tema é antigo entre nós.

Aliás como é antigo imitar, padronizar, repetir, numa monotonia ou melhor dizendo numa atonalidade medíocre como o é o forró eletrônico. (Dihelson desculpe o gosto pela palavra: sei que não são atonais, apenas mediocre e repetitivas). E a questão não é da espécie alóctone ou autóctone, é outra, pois o aterro do Flamengo do festejado Burle Marx é puro transplante intercontinetal de espécimes. A questão é bem essa que o Dihelson revelou.

O gosto daquela aliança entre os "Árabes de Fortaleza" e a elite "Que-fala-Inglês de Sobral" em padronizar o Ceará inteiro. Será que algum panfleto da Encetur um dia venderá no sul maravilha as delícias das palmeiras imperiais em todo o território do Ceará? Nada contra plantar árvores.

Nada mesmo. É plantar mesmo que necessitamos. Inclusive plantar o gosto pelo exame das questões, por ser ouvido e dizer o que se acha. De outro modo acham por agente. É sempre melhor esta nossa exuberância argumentativa do que o "sim senhor" do "raquitismo mestiço do litoral". "O sertanejo é, antes de tudo, um forte."

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