TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 25 de abril de 2010

Relato

Nunca acredites no poeta.
O voluptuoso poeta.

Disparidade contra
o mundo real das coisas.

Encanto.
Tremores.

Tudo abstrato.

Por mais cirúrgica
a mão do bardo.

Por mais concisos
os encaixes dos versos.

Não te enganes com o poeta.

O dissimulado ao forjar
fantasia em lágrimas

sabe que se trata
do mundo paralelo
e do risco de morte.

Chega-se o próprio senhor das palavras
a torcer o pescoço de angústia.

Isto é loucura.
Nunca confies no poeta.

O poema é imaculado.
Mas o poeta é uma fábula.

A inércia em agir lhe proporciona
um deleite incompreensível.

Senta-se ele (com sua bunda de metal)
sobre o pufe e inicia seus apelos.

Escárnios.
Devaneios.

E se julga o herdeiro da Verdade.
Loucura.

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