Nunca acredites no poeta.
O voluptuoso poeta.
Disparidade contra
o mundo real das coisas.
Encanto.
Tremores.
Tudo abstrato.
Por mais cirúrgica
a mão do bardo.
Por mais concisos
os encaixes dos versos.
Não te enganes com o poeta.
O dissimulado ao forjar
fantasia em lágrimas
sabe que se trata
do mundo paralelo
e do risco de morte.
Chega-se o próprio senhor das palavras
a torcer o pescoço de angústia.
Isto é loucura.
Nunca confies no poeta.
O poema é imaculado.
Mas o poeta é uma fábula.
A inércia em agir lhe proporciona
um deleite incompreensível.
Senta-se ele (com sua bunda de metal)
sobre o pufe e inicia seus apelos.
Escárnios.
Devaneios.
E se julga o herdeiro da Verdade.
Loucura.
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