TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 21 de maio de 2010

arte abstrata

Enquanto perdura esse pensamento
há de se eternizar a doença:
chama-se saudade
ou apego.

Enquanto penso no passado
a angústia passa a ter vida.
Simbolismo.

Não mais julgo mentira
ou fingimento
o que antes acreditava
sob meu pleno domínio.

Queimam-se as asas
nem por isso vejo
fogo nas palavras.

O meu limite é a piedade
do que sucumbe
entrevado,
silencioso:

talvez intelecto,
talvez alma.

Minha ausência não significa
a exuberância dos versos

mas decerto
quando escrevo sem forma
alheio aos ossos empilhados
(das costelas)

sinto uma espécie de nostalgia
de alguém que recebe
uma lembrança recente
através do choque
de joelhos.

Não faz sentido
penar por imagens
por odores
por texturas

no entanto
justamente
por teus olhos
por teu perfume
e pelas linhas
das tuas mãos

há coerência no meu devaneio
tão preciso e cheio de lógica.

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