TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 1 de maio de 2010

Claridade

Nasci para limpar os óculos.
Passar creme antimicose.
Consultar meu intestino
a cada flatulência.

Meu cachorro vive no açougue.
Meus gatos sobre os telhados.
Minha lagartixa sumiu de vez.

Não há como amar um par de botas.
Uma xícara povoada por formiguinhas.

Uma palavra suspensa.
Esquecida em alguma parada de ônibus.

A minha alma (se vejo bem)
tem garras, tem pele.

Confunde-se com tudo
deste mundo.

Formidável lâmpada apagada.
Fogem os besourinhos.

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