Pedro Esmeraldo
No inicio dos anos 30, meu pai iniciou o plantio da cana-de-açúcar no sítio São José. Considero-me uma pessoa privilegiada, pois tive a sorte de conviver no meio da bagaceira, já que meu pai possuía dois engenhos, um em Crato e outro no município de Barro – CE.
Deixou-me como legado um patrimônio auspicioso que foi a educação. Esse engenho teve início em 1930; a principio, de forma rudimentar, movido a tração de bois. No meio da década de 30, mudou para engenho a vapor que perdurou até a vinda da energia elétrica de Paulo Afonso, no ano de 1970, quando desapareceu o predomínio da rapadura, visto que foi substituído pelos alimentos sofisticados dos tempos modernos.
Quando passo pelas ruínas do antigo engenho, no sítio Pau Seco, neste município, tenho grandes recordações daqueles tempos áureos de minha infância. Há mais ou menos 50 anos era um lugar aprazível, aconchegante e que favorecia uma relação harmoniosa de paz de espírito.
Convivi naquele local no meio de pessoas humildes, com comportamentos inusitados, constituídos de várias naturezas, com semblante rústico, precisando de muito sutileza no equilíbrio emocional, decorrente da fadiga pela luta árdua e das canseiras diárias.
Meu pai, um cidadão sério, agricultor arrojado, praticava as atividades agrícolas por vocação. Sabia projetar com equilíbrio o trabalho agrícola. Conduzia com perfeição as manhas dos trabalhadores, mas manejava com altivez e bom senso crítico. Livrava-se dos perigos, utilizando palavras hábeis. Fugia com muita tranquilidade das pessoas ardilosas que o obrigavam a se comportar com o máximo grau de bondade que o respeitavam e obedeciam com sinceridade as suas ordens.
Como já relatei acima, meu pai, homem destemido e hábil, tinha o cuidado de colocar trabalhadores certos nos lugares certos.
Autodidata por natureza, dirigia com perfeição e conhecimento todos os trabalhos inerentes ao campo agrícola, saindo-se muito bem nessa atividade espinhosa, levando com brilhantismo e com direção arejada a luta do campo; sempre acompanhado de trabalhadores experientes, afim de adquirir melhoria de produtividade, já que desejava aumentar o seu patrimônio dentro da tecnologia aperfeiçoada.
Seus trabalhadores tinham uma conduta séria e de comportamento exemplar, por isso granjeou muitas amizades, projetando bom desempenho, mostrando que com trabalho sério e honestidade o homem chega a ter sucesso em seu serviço.
Esses trabalhadores rudes, que mais guardo na recordação da minha memória, vistos pelo seu comportamento zombeteiro, foram indubitavelmente os cambiteiros: eram irrelevantes, com procedimentos duvidosos, senhores absolutos e anarquistas, visto que desrespeitavam a pessoa humana. Tornavam-se figuras intolerantes em seus trabalhos com a posição de homens irregulares no campo de transporte de cana do brejo para o engenho. Nem tudo era desprezo para essa classe de trabalhadores rudes já que desempenhavam com muita satisfação a sua tarefa.
Trabalhavam sem cessar, como prestadores de serviço, pois tinham por obrigação conduzir com 5 (cinco) animais atrelados com arreios rústicos: como a cangalha (peça de madeira artesanal colocada no lombo do animal, revestida de forro e pano de algodão e coro de gado e embutida com produto cactáceo existente nas catingas do nordeste), a cilha (fita de couro que prendia a cangalha na barriga do animal), a focinheira (espécie de cabresto para facilitar o manejo dos animais), a rabichola (que prendia a cauda do animal à cangalha), e o cambito (peça de madeira que facilitava o transporte da cana).
Devido à rusticidade do trabalho, os cambiteiros se tornavam intolerantes aod habitantes aos arredores dos engenhos. Ninguém gostava de sua conduta. Possuidores de comportamento repreensível, tornavam-se intolerantes comprovadamente pela anarquia que, por natureza, ninguém suportava de bom grado, Eram, pois, zombeteiros e intrigantes quando iam pela estrada e não queriam saber quem viesse pela frente. Se a pessoa não se submetesse ao seu comportamento caiam no ridículo.
Certa vez, observei uma cena que me deixou intrigado, preservando-a na memória: um comportamento desses anarquistas que vou relatar neste artigo.
Um dia chegava ao engenho um senhor de tez branca, querendo conhecer o movimento do engenho, mas pelo seu jeito afeminado foi logo observado pelos cambiteiros a partir do seu andar duvidoso. Foi quando, sob gritos, o pobre homem saiu desesperado sem nunca mais pisar em bagaceira nenhuma.
Apenas desejei lembrar e repassar para os amigos como era o regime de cambiteiros e como ainda hoje sinto saudades dos velhos tempos de outrora que não voltam mais e jamais poderão ser substituídos por este modernismo desequilibrado e algumas vezes intolerante.
No inicio dos anos 30, meu pai iniciou o plantio da cana-de-açúcar no sítio São José. Considero-me uma pessoa privilegiada, pois tive a sorte de conviver no meio da bagaceira, já que meu pai possuía dois engenhos, um em Crato e outro no município de Barro – CE.
Deixou-me como legado um patrimônio auspicioso que foi a educação. Esse engenho teve início em 1930; a principio, de forma rudimentar, movido a tração de bois. No meio da década de 30, mudou para engenho a vapor que perdurou até a vinda da energia elétrica de Paulo Afonso, no ano de 1970, quando desapareceu o predomínio da rapadura, visto que foi substituído pelos alimentos sofisticados dos tempos modernos.
Quando passo pelas ruínas do antigo engenho, no sítio Pau Seco, neste município, tenho grandes recordações daqueles tempos áureos de minha infância. Há mais ou menos 50 anos era um lugar aprazível, aconchegante e que favorecia uma relação harmoniosa de paz de espírito.
Convivi naquele local no meio de pessoas humildes, com comportamentos inusitados, constituídos de várias naturezas, com semblante rústico, precisando de muito sutileza no equilíbrio emocional, decorrente da fadiga pela luta árdua e das canseiras diárias.
Meu pai, um cidadão sério, agricultor arrojado, praticava as atividades agrícolas por vocação. Sabia projetar com equilíbrio o trabalho agrícola. Conduzia com perfeição as manhas dos trabalhadores, mas manejava com altivez e bom senso crítico. Livrava-se dos perigos, utilizando palavras hábeis. Fugia com muita tranquilidade das pessoas ardilosas que o obrigavam a se comportar com o máximo grau de bondade que o respeitavam e obedeciam com sinceridade as suas ordens.
Como já relatei acima, meu pai, homem destemido e hábil, tinha o cuidado de colocar trabalhadores certos nos lugares certos.
Autodidata por natureza, dirigia com perfeição e conhecimento todos os trabalhos inerentes ao campo agrícola, saindo-se muito bem nessa atividade espinhosa, levando com brilhantismo e com direção arejada a luta do campo; sempre acompanhado de trabalhadores experientes, afim de adquirir melhoria de produtividade, já que desejava aumentar o seu patrimônio dentro da tecnologia aperfeiçoada.
Seus trabalhadores tinham uma conduta séria e de comportamento exemplar, por isso granjeou muitas amizades, projetando bom desempenho, mostrando que com trabalho sério e honestidade o homem chega a ter sucesso em seu serviço.
Esses trabalhadores rudes, que mais guardo na recordação da minha memória, vistos pelo seu comportamento zombeteiro, foram indubitavelmente os cambiteiros: eram irrelevantes, com procedimentos duvidosos, senhores absolutos e anarquistas, visto que desrespeitavam a pessoa humana. Tornavam-se figuras intolerantes em seus trabalhos com a posição de homens irregulares no campo de transporte de cana do brejo para o engenho. Nem tudo era desprezo para essa classe de trabalhadores rudes já que desempenhavam com muita satisfação a sua tarefa.
Trabalhavam sem cessar, como prestadores de serviço, pois tinham por obrigação conduzir com 5 (cinco) animais atrelados com arreios rústicos: como a cangalha (peça de madeira artesanal colocada no lombo do animal, revestida de forro e pano de algodão e coro de gado e embutida com produto cactáceo existente nas catingas do nordeste), a cilha (fita de couro que prendia a cangalha na barriga do animal), a focinheira (espécie de cabresto para facilitar o manejo dos animais), a rabichola (que prendia a cauda do animal à cangalha), e o cambito (peça de madeira que facilitava o transporte da cana).
Devido à rusticidade do trabalho, os cambiteiros se tornavam intolerantes aod habitantes aos arredores dos engenhos. Ninguém gostava de sua conduta. Possuidores de comportamento repreensível, tornavam-se intolerantes comprovadamente pela anarquia que, por natureza, ninguém suportava de bom grado, Eram, pois, zombeteiros e intrigantes quando iam pela estrada e não queriam saber quem viesse pela frente. Se a pessoa não se submetesse ao seu comportamento caiam no ridículo.
Certa vez, observei uma cena que me deixou intrigado, preservando-a na memória: um comportamento desses anarquistas que vou relatar neste artigo.
Um dia chegava ao engenho um senhor de tez branca, querendo conhecer o movimento do engenho, mas pelo seu jeito afeminado foi logo observado pelos cambiteiros a partir do seu andar duvidoso. Foi quando, sob gritos, o pobre homem saiu desesperado sem nunca mais pisar em bagaceira nenhuma.
Apenas desejei lembrar e repassar para os amigos como era o regime de cambiteiros e como ainda hoje sinto saudades dos velhos tempos de outrora que não voltam mais e jamais poderão ser substituídos por este modernismo desequilibrado e algumas vezes intolerante.
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