NE - Talvez temendo que a morte do dissidente cubano Fariñas o transformasse num mártir, o governo cubano resolver ceder e libertar 52 presos políticos. O caso ganhou repercussão internacional, com toda a imprensa do mundo em Cuba acompanhando o que seriam os "últimos dias" do dissidente, que já fazia greve de fome há mais de 130 dias e encontrava-se à beira da morte. Uma grande tragédia foi poupada, graças à intermediação da Igreja Católica. Parabéns aos mediadores, e creio que mesmo com o desfecho, Fariñas será um símbolo mundial da resistência cubana à Ditadura de Fidel Castro. O interessante nisso tudo é a posição do governo Brasileiro, de omissão em relação às ditaduras de esquerda. Parabéns, Fariñas, um grande esforço que não foi em vão. Com certeza, irá se tornar uma das grandes celebridades do nosso tempo." - Dihelson MendonçaA Igreja Católica de Cuba divulgou nesta sexta-feira os nomes de mais cinco presos políticos que serão libertados e seguirão para a Espanha nos próximos dias. A medida faz parte de um acordo firmado entre a igreja e o governo espanhol com o presidente de Cuba, Raúl Castro, para soltar 52 presos políticos. A lista divulgada hoje pela igreja relaciona os seguintes presos: Antonio Acosta Villareal, Gonzalez Lester Penton, Luis Fernandes Milao, José Luis García Paneque e Pablo Pacheco Avila. Também hoje o dissidente cubano Guillermo Fariñas começaria a ingerir por via oral sucos, caldo e gelatina.
Fariñas decidiu ontem encerrar a greve de fome que mantinha há 135 dias, depois da confirmação de que Cuba vai libertar 52 prisioneiros políticos. O dissidente iniciou a greve de fome após a morte do preso político Orlando Zapata, como forma de exigir a liberdade de 25 opositores presos doentes.
DECISÃO E CRÍTICA
O regime cubano anunciou nesta quarta-feira seu compromisso de liberar os 52 presos que ainda restam do chamado "Grupo dos 75", o que será feito de forma gradual em um prazo máximo de quatro meses. Esta decisão inscreve-se no diálogo aberto entre o regime cubano e a Igreja Católica e que foi respaldado e acompanhado pelo governo da Espanha, com a visita do ministro espanhol de Exteriores, Miguel Ángel Moratinos, à ilha com esse propósito. Todos os opositores que forem libertados neste processo poderão ir para Espanha com suas famílias, se assim desejarem, como anunciou Moratinos na quarta-feira. Em comunicado assinado pelo arcebispo de Havana, cardeal Jaime Ortega, foram divulgados ontem (8) os nomes dos seguintes presos que também serão soltos: Nelson Molinet Espino, Claro Altarriba Sánchez , José Garcia Daniel Ferrer, Marcelo Manuel Cano Rodriguez, Juan Angel Moya Acosta e Luis Enrique Ferrer García.
Para a Anistia Internacional, falta ainda conseguir a libertação dos restantes 53 presos políticos e garantir que todos que quiserem possam permanecer em Cuba. A Anistia Internacional informou que os presos foram detidos em 2003 durante um episódio que ficou conhecido como Primavera Negra. Na ocasião, houve 75 prisões. Mas, de acordo com a entidade, 23 pessoas já deixaram as prisões.
ATUAÇÃO BRASILEIRA
O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) afirmou nesta sexta-feira que o Brasil teve uma atuação "discreta" na decisão do governo cubano. Amorim, que acompanha o giro do presidente Lula à África, comemorou a decisão de Cuba e disse que "o Brasil age de maneira discreta" e, portanto, não precisa anunciar ter participado das negociações. Segundo Amorim, a Igreja Católica conseguiu atuar de maneira eficiente "sem ser acusada de ingerência".
Dihelson Mendonça, com informações da Folha OnLine
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