Chegarei em casa
antes que anoiteça
e bem antes que abras
a porta
o macarrão já enfraquecido
lânguido dentro da água
o molho no prato decorado
e uma jarra fresquinha
sobre a mesa.
Ouvirei teus passos
lá na garagem cansados
subindo os degraus
(pior) ardendo os pés.
Deixarei que dês apenas
o primeiro drible de corpo
e me lançarei contra
teus embrulhos, papéis,
fardos e a bolsa de couro.
Tu cairás no sofá
suspirando de alívio
enquanto eu debruçado
nas tuas sandálias
tiro-as dos teus pezinhos
beijo a parte mais vermelha
inicio de imediato
aquela massagem.
Fecharás os olhos
(entreabertos diria)
e antes que acordes
terei posto na mesa
o teu banquete.
Verás uma toalha nova
e sobre ela aquela flor
do dia dos namorados
fora do vaso
úmida, elegante.
Tu (meio brava,
meio esquecida do tempo)
perguntarás o que faz
aquela flor molhando
a casa toda.
Pegarei a bendita flor,
enlaçarei entre teus cachos.
Tu me pedirás desculpas.
Darás um beijo nos meus
trêmulos lábios.
Algo parecido com lágrima
gotejará do olho esquerdo.
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