Por motivos óbvios, de todas as deficiências a que se acha sujeito o ser humano, a cegueira deve ser a mais tenebrosa, a mais sofrida, aquela que mais marca, que deixa cicatrizes na própria alma, já que impeditiva ao seu portador de conhecer as cores, as formas, os animais, as pessoas, o mundo, enfim; agora, imaginemos um cego (sem guia), ter o azar de, repentinamente, se encontrar no lugar errado, na hora errada, em meio a um infernal e cerrado tiroteio entre quadrilhas rivais. O aperreio deve ser grande e a aflição maior ainda. Fazer o quê ??? Ir prá onde ??? Correr pra qual lado ??? Pra quem apelar ???
Pois bem, algo parecido deve ter se apossado da “tucanada”, outrora deslumbrada e hoje depenada, durante e após o resultado das eleições recém-findas, deixando-a perdida que nem cego em tiroteio, sem eira nem beira, rumo ou prumo. Ou vocês não lembram que às vésperas e até o início da campanha, o mote preferido “deles” era denegrir, achincalhar, cair de pau em cima do programa Bolsa Família, tachando-a de bolsa-esmola, bolsa-marginal, bolsa-vagabundagem e por aí vai ???
Um pouco mais tarde, como os estudiosos e economistas do próprio partido reconheceram que o Bolsa Família, em sua essência, era, sim, um efetivo e eficiente meio de redistribuição de renda e reinserção social de milhões de seres humanos (até então excluídos do processo de “cidadania”), e capaz até de alavancar em alguns pontos percentuais o próprio PIB do país e, conseqüentemente, contribuir para o seu crescimento econômico e social, repentinamente a coisa mudou, transfigurou-se e o “Bolsa” passou a ser a “menina dos olhos” de todos eles.
Assim sendo, de uma hora pra outra, não mais que de repente, figuras tétricas e desprovidas de quaisquer resquícios de sensibilidade social (Tasso Jereissati, José Serra e FHC dentre outros) “descobriram a margarida”; e tome Bolsa Família prá cá, Bolsa Família pra lá, porque o Bolsa Família vai ser fortalecido, vai ser ampliado, vai ser reajustado, o escambau.
Como o povo não foi na onda, não se deixou iludir pelo canto da sereia, impingindo-lhes uma tonitruante derrota nas urnas (foram mais de 12 milhões de votos de maioria), o mote voltou às suas origens, após as eleições, agora com força e características nazistas: Dilma Rousseff, a candidata do governo, só teria sido eleita por conta da avalanche, verdadeiro dilúvio de votos da “sub-raça miserável e analfabeta” residente no Norte e Nordeste e beneficiária do Bolsa-Esmola, do Bolsa-vagabundagem.
Perdidos que nem “cego em tiroteio” esqueceram que Dilma Rousseff teve expressiva votação em todos os estados da federação, que ganhou com folgas em Minas Gerais e Rio de Janeiro, dois dos maiores colégios eleitorais do país, além de ter conseguido excelente votação na cidade de São Paulo, reduto maior da “tucanalhada”. E mais: que ela governaria o Brasil, sim, mesmo que lhe suprimissem ou fossem “abortados” todos os votos do norte, nordeste s sudeste.
Como ainda estão aturdidos e grogues com a “pisa” que levaram, as desavenças proliferam entre seus membros e o revoar de penas tornou-se uma constante entre os tucanos de bico mole e os de bico duro.
Ô bicho esquisito é esse tal de tucano; haja saco para agüentá-los.
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