Além do gavião peneirador, quem mais plana nos céus da minha terra é o urubu. E a ave planadora é uma das maravilhas do universo. Aqueles movimentos de giro, de despencar, com um friozinho na barriga, até uma nova lâmina de flutuação. Pairar sobre os ares é o sonho mais sublime destas duas pernas fincadas na gravidade.
Só romper esta força onipresente, é um feito de sublimação desta nossa sólida vida. Horas passava, à sombra da minha casa, com o rosto voltado para o céu azul, olhando os urubus naquelas alturas. Transportando-me em imaginação para o que viam, os largos horizontes que ultrapassavam estas visões rotineiras do imediato mundo.
No Rio de Janeiro levei algum tempo para me despir do planar dos urubus. É que por aqui, especialmente nas zonas costeiras, planava outro tipo de ave. Mais leve e de maior altitude que aqueles urubus, que se apartavam do grupo e iam mais alto que o alto de todos. Levei tempo para me despir, mas desde o primeiro minuto lhe vi como uma ave de formato diferente: as asas eram anguladas e a cauda bifurcada.
Vendo aquele planador estranho tomava como referência os pterodáctilos das profundezas do tempo. Mas os seres voadores iam às alturas. Sobre os céus do Rio de Janeiro. Eram as Fragatas, Tesourões ou João Grande, que habitam as ilhas costeiras como o arquipélago das Cagarras. Que tem semelhança com nome substantivo “cagarraz” o mesmo que mergulhão e também de uma ave que habita a ilha da madeira, mas não se encontra nas Américas. O mais provável, até por que sua primeira notação foi num mapa francês (1730), com o nome de Ilha Cagade e depois um mapa português com o nome de Ilha Cagado. Na verdade o arquipélago é tingido de branco por tanto cálcio dos dejetos das aves comedoras de peixes.
As fragatas pertencem a uma das cinco famílias da ordem dos Pelecaniformes. A família fregatidae tem coloração geralmente preta, asas muito longas, estreitas e angulosas, além das caudas bifurcadas como uma tesoura. São aves de menos peso por unidade de superfície da asa. Os ossos são pneumáticos, leves e elásticos e elas nunca pousam na água pois encharcam rapidamente e nem nas praias. Descansam pousadas em ilhas, empoleiradas ou sobre rochas. E o mais espetacular dos sonhos, descansam planando.
A fragata que vive no Rio de Janeiro é a Fragata magnificens, e confirmo o sentimento do ornitólogo que assim a nomeou. Elas podem atingir 106cm de comprimento e suas asas têm uma envergadura que supera 2m. Na última quarta feira, num dia de chuvas, com tempo de suspender coisas leves nos ares, fui visitar um amigo no Leblon e da varanda do apartamento dele meus sentimentos voaram. Arrebatados do rés do chão das conversas políticas e técnicas.
Centenas de fragatas magnificens, em grupos como as praças do interior em noite de festas, em alturas distintas e separados no espaço generoso do céu. Elas giravam em eixos imaginários em cada grupo. Tomavam os céus do Rio de Janeiro entre o Leblon e o Morro Dois Irmãos. Aquilo efetivamente era um Avatar da natureza, por sobre o concreto armado e distante das pedras onde descansam. Mas não repetirei a ciência: as fragatas não descansavam. Elas festejavam a oportunidade do ar ascendente e nele tirava a seiva lúdica do viver. O lúdico esquecido nesta danação do trabalho cá embaixo entre os homo sapiens.
Só romper esta força onipresente, é um feito de sublimação desta nossa sólida vida. Horas passava, à sombra da minha casa, com o rosto voltado para o céu azul, olhando os urubus naquelas alturas. Transportando-me em imaginação para o que viam, os largos horizontes que ultrapassavam estas visões rotineiras do imediato mundo.
No Rio de Janeiro levei algum tempo para me despir do planar dos urubus. É que por aqui, especialmente nas zonas costeiras, planava outro tipo de ave. Mais leve e de maior altitude que aqueles urubus, que se apartavam do grupo e iam mais alto que o alto de todos. Levei tempo para me despir, mas desde o primeiro minuto lhe vi como uma ave de formato diferente: as asas eram anguladas e a cauda bifurcada.
Vendo aquele planador estranho tomava como referência os pterodáctilos das profundezas do tempo. Mas os seres voadores iam às alturas. Sobre os céus do Rio de Janeiro. Eram as Fragatas, Tesourões ou João Grande, que habitam as ilhas costeiras como o arquipélago das Cagarras. Que tem semelhança com nome substantivo “cagarraz” o mesmo que mergulhão e também de uma ave que habita a ilha da madeira, mas não se encontra nas Américas. O mais provável, até por que sua primeira notação foi num mapa francês (1730), com o nome de Ilha Cagade e depois um mapa português com o nome de Ilha Cagado. Na verdade o arquipélago é tingido de branco por tanto cálcio dos dejetos das aves comedoras de peixes.
As fragatas pertencem a uma das cinco famílias da ordem dos Pelecaniformes. A família fregatidae tem coloração geralmente preta, asas muito longas, estreitas e angulosas, além das caudas bifurcadas como uma tesoura. São aves de menos peso por unidade de superfície da asa. Os ossos são pneumáticos, leves e elásticos e elas nunca pousam na água pois encharcam rapidamente e nem nas praias. Descansam pousadas em ilhas, empoleiradas ou sobre rochas. E o mais espetacular dos sonhos, descansam planando.
A fragata que vive no Rio de Janeiro é a Fragata magnificens, e confirmo o sentimento do ornitólogo que assim a nomeou. Elas podem atingir 106cm de comprimento e suas asas têm uma envergadura que supera 2m. Na última quarta feira, num dia de chuvas, com tempo de suspender coisas leves nos ares, fui visitar um amigo no Leblon e da varanda do apartamento dele meus sentimentos voaram. Arrebatados do rés do chão das conversas políticas e técnicas.
Centenas de fragatas magnificens, em grupos como as praças do interior em noite de festas, em alturas distintas e separados no espaço generoso do céu. Elas giravam em eixos imaginários em cada grupo. Tomavam os céus do Rio de Janeiro entre o Leblon e o Morro Dois Irmãos. Aquilo efetivamente era um Avatar da natureza, por sobre o concreto armado e distante das pedras onde descansam. Mas não repetirei a ciência: as fragatas não descansavam. Elas festejavam a oportunidade do ar ascendente e nele tirava a seiva lúdica do viver. O lúdico esquecido nesta danação do trabalho cá embaixo entre os homo sapiens.
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