TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Como explicar ??? - José Nilton Mariano Saraiva

Na horripilante e pavorosa tragédia que se abateu sobre a decantada cidade do Rio de Janeiro (sem favor nenhum, uma das mais belas do mundo), pela recorrência um detalhe chamou a atenção: quando algum sobrevivente ou membro da família envolvida tinha a oportunidade de manifestar-se ante as câmeras televisivas, não perdia a chance de louvar a Deus, de garantir ter sido a “mão de Deus” responsável por retirá-lo do meio do furacão, de reafirmar que somente a “intervenção divina” explicaria sua sobrevivência.
Enfim, o “homem lá de cima” (como citou um deles) era merecedor de todos os créditos e honrarias, em razão da sua benevolência e magnanimidade.
Mas...
Como explicar, então, às famílias enlutadas, o destino fatídico e cruel de mais de seiscentas pessoas (por enquanto), dentre as quais crianças inocentes e idosos saudáveis, pavorosamente SOTERRADAS VIVAS pelos deslizamentos ou levadas de roldão, ribanceira abaixo, pela descomunal força das águas ??? Como justificar que a “mão de Deus” não haja guiado essas centenas de pessoas, em meio ao turbilhão, a um porto seguro, salvador e de águas plácidas ??? Como explicar que a benevolência e magnanimidade do “homem lá de cima” hajam contemplado somente alguns, enquanto, desafortunadamente, famílias inteiras (pais, mães e filhos) desciam na enxurrada, evidentemente que aterrorizados, sem vislumbrar qualquer perspectiva ??? Que Deus “elitista” é este que, ao tempo em que concede a “graça e salvação” a alguns, despreza ou esquece de tantos outros adeptos ??? Ou a “graça e salvação” estariam no desaparecer prematuro, no ir-se mais cedo desse mundo conturbado ??? Quais os critérios determinantes de quem deve ou não deve ser salvo pela “intervenção divina”, numa tragédia de tamanhas proporções ???
Existirá um “DEUS” magnânimo e benevolente e um outro cruel e maldoso ???
Difícil acreditar.

Um comentário:

Unknown disse...

Pois é. Eles não vão explicar. Apelarão para o indecifrável e para o incompreensível na suposta sabedoria divina.