TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A menininha

Vou ganhar essa noite
Desvendar o cheiro de enlatados
Cobrir-me de cansaço
Avermelhar os olhos
Jogar pedras como se jogasse bolas
Na retaguarda silenciosa dos postes guardiões das noites
Refletir sobre os sapatos gastos
E os pratos vazios
E o arco para o qual me deparo
Paro,
Lembro-me do sorriso de uma menininha suja
( cinco anos)
Que a coloquei nos meus braços
ou ela me colocou nos seus frágeis bracinhos
Como se o seu silêncio fosse um grito
Para banhar a sociedade que lhe sujava.

Alexandre Lucas

2 comentários:

Unknown disse...

Muito bom seu texto, parabéns.

Marta F. disse...

Acho que ela vai aprender a banhar em voz mansa...

Fez valer, Lucas.
Abrs.