Há coisa de seis a sete anos, quando André Barreto ainda secretariava o Meio Ambiente do Estado, numa manhã já quase ao calor do meio-dia, presenciei uma solenidade no Sítio Fundão, em Crato, para instalação do Parque Ecológico da localidade, imediações das Cacimbas, acima do Seminário. Caminhos recém abertos dentro da mata virgem acomodaram o estacionamento de um tanto de carros subidos da cidade, à busca de acompanhar a instalação do projeto e ouvida dos discursos.
Depois passou o período de lá até aqui. Notícias que se contradiziam. Princípios de incêndios nas queimadas do ano passado. Quase esgotamento de possibilidades administrativas; a demora na chegada de verbas, aquelas movimentações dos governos.
Mais recentemente, avistei Edi Alencar, radialista neto de Jefferson da Franca Alencar, Seu Jeffresso, o antigo proprietário do sítio e que manteve inteira a mata nativa todo esse tempo, resistindo ao preço da civilização, para não deixar que destruísse o pouco que conservara junto do vetusto engenho de madeira puxado a boi e ainda retinha formatos erguidos, matéria prima e estudo para alunos que desejem conhecer, no local, a espécie de tecnologia usada naqueles idos das moagens artesanais da cana.
E Edi, o baluarte do empreendimento junto da sociedade caririense, informava que os esforços continuavam de pé a fim de levar avante o sonho conservacionista da família, na preservação do Sítio Fundão, patrimônio de seu avô que hoje forma o parque, nas proximidades do Crato.
Agora, portanto, as mais recentes informações dão conta de algo concreto. Por fim cresceu no horizonte, restaurada, a casa de dois andares feita em taipa, da época de Seu Jefresso, que recebeu tratamento especial e segue integrada ao verde da mata, contendo as qualidades típicas dessa construção rústica, modelo sertanejo inigualável, fruto dos princípios humanos de moradia.
O que sobrou do engenho lá está, sob o acompanhamento das autoridades estaduais, no trabalho de manutenção de objetivos sociais em favor da coletividade, salvaguarda de nossa história antropológica dos bens produção, num sentido ecológico maior.
Quando, na terça-feira, 29 de março de 2011, o parque foi entregue aos cearenses após dois meses de restauração com base na proposta inicial, teve refeitas as cercas em volta da área de 93,54 hectares, desapropriada numa das gestões do governador Cid Ferreira Gomes. Possui trilhas ecológicas para os visitantes, representa um dos geossítios do Geopark Araripe e guarda na sua reserva, ainda conservados, os resquícios da Mata Atlântica provenientes da fase do Brasil colônia neste ponto turístico do Nordeste.
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