TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 18 de junho de 2011

Conheço Zé Flávio desde menino - José do Vale Pinheiro Feitosa

Quando alguém diz: esse aí conheço desde menino, a depender do assunto que corre e do tom da palavra, coisas muito diferentes podem ser tidas. Uma que conheço os podres do sujeito e outra que sei do berço e dos bons modos dele.

Taí, pois bem, eu conheço o Zé Flávio desde menino. E é hoje o que foi em menino, juntando muito mais ossatura do conhecimento, é claro. O que foi em menino é uma história que vem tirando fornadas de muito neste chão do nordeste brasileiro. Somos pobres, mas, não sei bem qual a vantagem disso, mas orgulho é orgulho, a caatinga é o único bioma genuinamente brasileiro. Pois Zé Flávio é brasileiro desde as folhas secas do verão até a nevasca verde do inverno.

Matosinho é como a terra mágica do velho Vicente Vieira. Eu esqueci o nome viu Zé, mas quando lembrava é por que ela era repetida o tempo todo. E Matosinho tem a narrativa que estava em Antonio, Manoel e no casamento a contragosto familiar da Laís. Matosinho não é um besteirol de dente escancarado do fácil riso: ele tem uma tensão desgraçada. Uma tensão que é essencialmente política.

O Zé Flávio tem lado político e é profundamente político. Talvez tenha tomado excesso de leitura e dedicação à medicina, pois sempre foi uma promessa de bom tom para a prefeitura do Crato. Não sei se ganharia as eleições, mas isso não é o mais importante, o caro para a cidade é ter alguém como o Zé propondo políticas públicas. O certo é que a situação do governo é sempre uma pauta ideal da oposição. Claro até que oligarquias se fundam e passam a manipular e atrasar o conjunto da sociedade.

Peguemos esta Mudança de Generéia. Encontramos a superação de uma sociedade que lentamente foi sendo invadida pelos artefatos e hábitos da segunda metade do século XX. Iremos, com humor, encontrando a corrida de todos em busca do chamado “progresso”. Agora ter as coisas do mundo exterior é o quente para o íntimo de Matosinho. E não ter é não ter conquistado o “progresso”. Por isso o faz-de-conta de Generéia. É mais importante a versão do que a realidade dos fatos.

Nada mais político do que isso. Mas, afinal, se tem uma coisa que a pós-modernidade ainda não “desconstruiu” é o fato que a cultura é o conteúdo da política. Todo “agente” da cultura deve refletir sobre tal aspecto. Quando pensa em ser apenas um isento artista, ou isento pensador, ele tem a posição política do status quo.

Matosinho está de mudança como Generéia.


Um comentário:

jflavio disse...

Agradeço ao Zé do Vale de coração pelo texto tão bonito que já copiei aqui nos meus alfarrábios, para futuros releases. Une-nos uma amizade que vai além da consangüinidade, criados próximos , somos praticamente irmãos. Assim as avaliações que fazemos de um a outro, certamente carregam consigo a inevitável licença poética da parcialidade. Sei que , no fundo, ele percebe perfeitamente que os textos meus, na grande maioria, são políticos em essência. Mesmo quando debando para o escracho( e facilmente escorrego nesta casca de banana). Sei que no fundo estou apenas repetindo uma história tirada das 1001 noites nordestinas e que já vinham sendo contadas por várias Sharazades : o velho Vicente Vieira, o velho Manoel Vieira( I e II), Liborinho, Zé do Vale pai, Tio Zé vieira e muitos, muitos outros. Politicamente, também, sempre estive bem atuante, muitas vezes indiretamente, sei e continuarei a fazê-lo, acredito que esta geração tem uma grande contribuição a dar para melhoria do lugarzinho onde vivemos. Agora, falta-me vocação para o varejo da política partidária. Como prefeito de Matozinho já tenho me desdobrado mais do que posso. Um grande abraço ao irmão Zé do Vale e a tantos outros amigos e companheiros de lutas e embates.