TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
A solidão da dor - Emerson Monteiro
É isto, sim, invés de tratar do tema a dor da solidão, tocar um pouco neste tema, a solidão da dor. Naquele momento em que se acha face a face com a solidão de verdade, livre das contradições e dos conceitos. Portas e janelas fechadas ainda que ao sol do meio dia. Quando nem adiante gemer, muito menos chorar... E a dor dói de consumir por forte que se seja. Ali, na beira de nós mesmos, esses grandes desconhecidos, no limiar do Eterno, enquanto a dor dói de não ter tamanho. Onde uivam lobos e choram homens, mulheres e meninos. Sem idade, a dor traz o perdão, reduz a nada e atiça o peito das resistências, num desafio esplendoroso... Doloroso, quero dizer.
Isso de quando as vaidades caem de joelhos e querem entrar de buraco adentro, na fronteira da inexistência. Pouco ou muito importa o tamanho da herança, e a dor dói de não ter juízo que aguente... Irmã dor, qual dizia Francisco de Assis, nas suas longas viagens espirituais.
Os laços com tradição e experiências anteriores somem no abismo infinito onde, soberana, a dor dói... Pássaros cantam pelos quintais em festa; o vento sopra nas árvores; ressurge bonito o Sol; a Lua, linda, desfila no céu... Times jogam na televisão do domingo de tarde... Tocam sinos nas igrejas... E dói a dor com fome feroz de paciência a roer o coração dos humanos.
Meu Deus, como estreita o caminho e tudo de repente nos abandona quando dói a dor e o sofrimento pede passagem na avenida, encostas das florestas escuras do desassossego.
Pedir a quem tem para oferecer. Pedir sempre, que ninguém sabe quando a dor chega trazendo consigo o custo das impiedades desse solo dourado. Surgirá silenciosa no instante certo, mãe e mestra, amiga da plena glória, no tempo da colheita nos calendários que nos abandonarão.
Ah, amigo, quando a dor mostra seu rosto, na vitrine daquela solidão, não há bom, não há melhor... Viva, pois, de saber que maiores são os poderes da certeza, e junto deles manda, senhora, a dor que nos prepara o dia de invadir o leito da saudade na paz dos mistérios em constante movimento.
Nova cara
Paulo Freire : 90 Anos
No período de 12 a 18 de setembro de 2011, a cidade do Crato, no Cariri cearense, sediará a I Semana Freiriana do Cariri. O evento é uma iniciativa da Escola de Políticas Públicas e Cidadania Ativa – EPUCA, com patrocínio do Banco do Nordeste, do Governo do Estado do Ceará e da Revista Nordeste VinteUm. Todas as atividades da Semana serão gratuitas, à exceção das Oficinas Pedagógicas.
Assim, serão realizadas três Rodas de Conversa sobre temas relacionados à Educação, tendo por base as contribuições teóricas e práticas de Paulo Freire e o pensamento de especialistas convidados. As Rodas de Conversa acontecerão no Salão de Atos da URCA (Campus Pimenta), e terão como palestrantes a educadora Fátima Freire Dowbor, filha de Paulo Freire, o educador mineiro Tião Rocha, do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento – CPCD, e o educador e pesquisador freiriano João Figueiredo, da Universidade Federal do Ceará.
Além disso, serão realizadas 14 Oficinas Pedagógicas dirigidas a professores/educadores das redes pública e privada de ensino do Cariri e demais interessados, com ênfase nas áreas de metodologia e didática do ensino e nas novas temáticas e abordagens da Educação.
Todas as Oficinas serão realizadas no horário de 8h00min as 12h00min e de 13h30min as 17h30min, na Universidade Regional do Cariri (Campus Pimenta), e terão duração de 16 horas (2 dias) cada. Isto significa que cada pessoa poderá participar de até três Oficinas. Os valores das inscrições, por pessoa, serão: R$ 40,00 para uma Oficina, R$ R$ 70,00 para duas Oficinas e R$ 90,00 para três Oficinas.
A agenda noturna da Semana terá também uma Mostra de Vídeo com a exibição de 4 vídeos sobre Paulo Freire (biografia, educação, inspirações e legado). Cada sessão de vídeo será seguida de diálogo com os presentes, mediado por estudiosos do pensamento e da obra de Paulo Freire. A Mostra de Vídeo terá lugar no Teatro Municipal Salviano Arraes Saraiva (antigo Cineteatro do Crato).
Durante toda a Semana, tanto a URCA quanto o Teatro Municipal servirão de palco para o Festival de Saberes, Sabores, Sons e Cores da Gente. Serão realizadas atividades artístico-culturais que evidenciem o jeito de ser e de viver de comunidades urbanas e rurais dos municípios do Cariri, através de suas tradições, sua culinária, sua música, seu artesanato e outras formas de expressão.
“Essa é uma dimensão da compreensão freiriana de Educação que precisa ser reconhecida, valorizada e fortalecida”, destaca Joelmir Pinho, diretor geral da EPUCA e membro da comissão organizadora do evento. A programação completa do Festival será divulgada em material específico, no início de setembro de 2011.
Serviço
I Semana Freiriana do Cariri, de 12 a 18 de setembro de 2011 | Crato - Cariri - Ceará.
Informações e inscrições
Rua Santos Dumont, 87C | Centro - Crato-CE.
88 9953-0610 | 88 8110-4321 | 88 9624-4866 | 88 8806-1902 | 88 9216-2400 | 88 9211-7600
www.semanafreiriana.wordpress.com | epuca2010@hotmail.com | semanafreiriana@hotmail.comSetaro's Blog: Ainda há fogo sob as cinzas
sábado, 27 de agosto de 2011
Lógica Maior
Janildo Queiroga era uma espécie de Mithbuster de Matozinho. Todas as pendengas mais delicadas da vila vinham, inevitavelmente, bater às suas mãos para a devida apreciação. Sertanejo de quatro costados , o homem nunca fora afeito aos meandros da filosofia, mas , intuitivamente, descascava toda a Lógica aristotélica. Seus pareceres rápidos em geral e ácidos como solução de bateria saltavam em meio às conversas formais e informais. Como não cobrava pela consultoria, vivia da renda de um quiosque sortido numa das travessas da Rua Cel Uglino: “O Quiosque do Qui-Qui”.
Contavam-se às resmas suas apreciações sobre as mais variadas e intrincadas ingrizias . Tantas e tantas que se foram perdendo , à medida que o cupim inexorável do tempo foi carcomendo as memórias vivas de Matozinho. Para que não se perca definitivamente todo o compêndio de Lógica Menor de Queiroga é que resolvi salvar alguns trechos num material menos perecível que a língua : o papel.
O filho de Janildo chegara um dia revoltado . Fora atravessar a cerca do roçado próximo à casa quando melara aos mãos em excremento colocado maldosamente nos paus do passador. Abramos aqui um leque para explicar este artefato que , com o desaparecimento das cercas de vara, praticamente evaporou-se junto. Pois bem, o passador era uma espécie de escadinha de varas que ascendia de um lado ao outro da cerca, permitindo a passagem de pedestres, em pontos estratégicos. Subia-se pelos degraus de um lado e descia-se pelos do outro. Entenda-se que existem safados por todo canto e que calabreiam de binga as varas da escada para que as pessoas que a vão cruzar terminem por se contaminar inadvertidamente. O menino não se conformava , reclamando enquanto lavava as mãos repetidamente:
--- Filhos da puta ! Queria pegar um desgraçado desse. Quem já se viu? Cagar e melar o passador !
Queiroga, calmamente, lavrou seu parecer :
--- Meu filho ! É impossível cagar sem melar o passador, num é?
Num sábado, Janildo acompanhava um dos únicos esportes náuticos de Matozinho : a pesca no Rio Paranaporã. Já no mês de agosto, água baixa, o Rio transformava-se em poços esporádicos e a moçada, cheia de mendraca na cabeça, ficava jogando landuá e pegando traíra e cangulo. Na beirada do poço , o fogo feito e a panela fervendo já esperavam os primeiros peixes para o preparo. Era uma algazarra só. De repente, na despescagem, um piau grande escapou das mãos de João Socó que, como bom pescador, gritou de lá:
--- Diale ! O bicho escapou ! Parecia uma baleia , tinha uns cinco palmos e pesava bem uns vinte quilo !
De seu lado, um Queiroga observador e atendo lavrou sentença:
--- Deu tempo a medir , deu tempo de a pesar, só num deu tempo a pegar, num é Socó ?
Ano de seca braba, alguém chegou no quiosque afirmando que ia chover com certeza, pois tinha observado o céu na noite anterior e notara que a lua pendera. O matuto tem essa história: em lua crescente, se se observar bem a lua fica parecendo um balde de água prestes a derramar o líquido por uma das pontas; por alusão, se depreende que aquela água toda vai cair na terra em forma de chuva. Janildo , porém, matou a charada:
--- Conversa , rapaz! Em 1958 a lua pendeu tanto que nós tivemos que escorar para ela não cair e a chuva toda do inverno não deu prá encher um dedal !
Dias atrás, Sulino chegou no quiosque trazendo notícias da capital. Fora visitar um filho que casara recentemente. A noiva havia morado no Rio de Janeiro e , antes do matrimônio, havia contado ao noivo que, infelizmente, não era mais moça. Perdera a virgindade numa queda de bicicleta. O noivo, apaixonado, engolira a história, mas Sulino, cabreiro, voltara ainda com a pulga detrás da orelha. Resolveu, então ,consultar o mithbuster de Matozinho:
--- Compadre Qui-Qui , uma mulher pode deixar de ser moça só porque caiu de uma bicicleta?
--- É difícil, Sulino, mas onde é que foi mesmo essa queda desastrada?
--- No Rio de Janeiro, compadre, na mata da Tijuca...
--- Ah! Compadre! Perfeitamente! Lá é muito arriscoso e é danado prá acontecer. Basta cair em cima de uma moita!
--- Moita de quê? De mufumbo, Qui-Qui ? De quina-quina?
Queiroga, mais uma vez, concluiu com a lógica irrefutável:
--- Não , compadre ! De rola, de rola dura...
J. Flávio Vieira
O gosto das palavras novas - Emerson Monteiro
Assim, quando passamos a outros só os objetos e suas movimentações, transmitimos o que vemos no jeito que podemos. No entanto quando, a isto, acrescentamos o sentimento e repassamos palavras, no reflexo do que vemos, produzimos poesia.
Caso trabalhemos com os frios fenômenos da natureza, descrevendo e ensinando, repetimos, transmitimos técnicas, construímos nos outros a ciência. Quando, porém, dizemos daquilo que nasce dentro, no coração da gente sua forma abstrata, sem comparações com o mundo real, visível, material, trabalhamos os setores da alma. A arte vem desse lugar. Arte, o empenho dos artistas pretenderem que os demais sintam o que eles sentem, e, nisso, elaboram peças de sabor espiritual, os conhecidos bens simbólicos.
O nível de receber essas produções varia ao infinito, no grau de cada indivíduo percebê-las. Esse poder de captar o fazer artística que resolveram batizar de sensibilidade, palavra que representa o padrão de receber os impulsos da criação artística nos seus vários segmentos e manifestações. Música. Pintura. Escultura. Cinema. Literatura. Artesanato. Esportes. Teatro. Televisão. Radiofonia. As elaborações da criação nas diversas modalidades, naquilo que tocam adiante a emoção sem a importância prática imediata de modificar os cursos da matéria no meio dos fenômenos. Sem nutrir o corpo físico, resultar noutros objetos, gerar movimentos imediatos no mundo das ações e dos interesses apenas mecânicos das circunstâncias.
A arte reflete dinamismo, espaço das possibilidades internas das criaturas humanas. Bem dentro do si mesmo das consciências. No âmbito do prazer mais íntimo. Aspecto personalíssimo, insubstituível. Sentir, ou não sentir; ninguém conseguirá depor no lugar da terceira pessoa quanto ao que esta sentirá, ainda que a isso pretendam os bilhões de seres pensantes.
Daí o senso da beleza, a chamada percepção estética, guardar proporções pessoais, particulares. E as palavras novas falarem das oportunidades desconhecidas chegarem ao coração para ofertar riquezas inexistentes, os valores até então ignorados, ricos de letras e melodias, imagens e cores, traços e luzes, sonhos e esperanças... O gosto desse tesouro adormecido trazido pelas palavras novas.
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Petrobrás: "R$ 2,3 mil... por segundo"
02) Em 2020, a Petrobras vai estar produzindo no Brasil 4,9 milhões de barris por dia. Vamos exportar 2,3 milhões de barris, que é mais do que nossa produção total hoje [ 2,1 milhões de barris por dia ]. A produção total da Líbia hoje é 2 milhões de barris. E mais: em 2020, o Brasil vai consumir entre 3 milhões e 3,3 milhões de barris por dia. Hoje, só quatro países consomem mais de 3 milhões: Estados Unidos, China, Japão e Índia. Então, evidentemente que o papel relativo do Brasil muda na geopolítica do petróleo mundial.
03) Temos hoje mais de três mil gerentes e três mil coordenadores. Nós operamos uma empresa que planeja investir US$ 224 bilhões até 2015. Ninguém sabe exatamente o que é isso. Mas se você transformar em ano, mês, dia, minuto e segundo, a Petrobras vai investir mais de R$ 2,3 mil por segundo, nos próximos cinco anos. Um investimento desse tamanho não pode ser pessoal. Tem que ter uma máquina de decisões.
04) No penúltimo concurso, a Petrobras ofereceu duas mil vagas e teve 390 mil inscritos. No que está em andamento hoje, estamos oferecendo 580 vagas e tivemos 174 mil inscritos. Não acredito que tenha problema de seleção para a Petrobras... Agora, para a cadeia de fornecedores, estamos fazendo um enorme programa de treinamento. Já treinamos 79 mil pessoas e vamos treinar mais 212 mil até 2014, só para a cadeia de fornecedores, ao custo de US$ 1,4 bilhões, no período. Vamos dar 12 mil turmas de treinamento daqui até 2014. Não é a Petrobras que faz isso, temos hoje 70 instituições no Brasil todo treinando esse pessoal. Treinando todo mundo, desde soldador ao operador de guindaste, ao engenheiro de detalhamento, o especialista em corrosão, o eletricista de alta tensão, operador de caldeira...
05) Olhando o futuro na área de petróleo, a maior contribuição de novas descobertas no mundo vem da Petrobrás. Um terço das grandes descobertas nos últimos dez anos foi feita pela Petrobras. O mundo tem duas fontes de petróleo novo. Uma é a descoberta, e aí a Petrobras está disparadamente na frente. Outra é aumentar a recuperação dos campos já descobertos, e aí o volume da Petrobras não é tão grande. Alguém tem perspectiva de crescimento futuro maior do que a Petrobras? Não. Vamos crescer 9,6% por ano, em média, até 2020.
06) Segundo Gabrielli... "A crise não decretou o fim do futuro, o futuro não foi cancelado; as pessoas vão continuar andando de carro, as coisas vão ser transportadas por caminhão, os ônibus continuarão andando, os aviões continuarão voando, os navios continuarão carregando cargas e pessoas. O mundo não parou pela crise. E mais ainda: mesmo que não haja crescimento nenhum e a demanda fique em 85 milhões de barris por dia, pelo declínio da produção, o mundo vai precisar adicionar de produção nova entre 45 milhões e 65 milhões de barris em 2020”.
POEMA TRANSITÓRIO - De Mário Quintana (para a amiga Glória , Aristides e Dirceu e familiares da inesquecível Janete Militão)
NA PRAÇA
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
a última esperança da Terra
O enredo, baseado no livro de ficção científica de Pierre Boulle, conta a história de uma tripulação espacial, que depois de muito tempo hibernada na nave, pousa num planeta parecido com a Terra, dominado por uma civilização de macacos, já no adiantado e inimaginável ano 3900. Como creio que todos conhecem o filme, não seria estragar a surpresa, e dizer que o planeta é a própria Terra, sem vestígios de seres humanos, e numa curiosa inversão, tem o símios como seres inteligentes, poderosos, e, como nada é perfeito, bélicos.
Charlton Heston, que tinha a minha admiração até me conscientizar do ator cretino que se manifestou com sua adoração às armas, era o astronauta George Taylor, sobrevivente que enfrentava a raça dos macacos falantes em busca de respostas para aquilo tudo. Heston, que já tinha sido “salvador da humanidade” como Moisés em “Os dez mandamentos”, o lendário herói espanhol em “El Cid”, o judeu libertário em “Ben Hur”, e em muitos outros filmes, como “A última esperança da Terra”, não foi à toa que a Century Fox o escalou para mais um papel de Messias-reloaded.
Depois de muito embate com os macacos, Taylor numa fuga que extasiava a plateia, em desesperado galope à beira-mar, dá de cara com a estátua da Liberdade, afundada parcialmente na areia, a tocha apagada em suspiro final. Repito: é impactante a cena. O personagem ajoelha-se e sucumbe à dor. A imagem resume toda a certeza que a humanidade estava disseminada, coagulada na mais grave desesperança. O que Hollywood, como fábrica mágica de sonhos e pesadelos, explicitou em inúmeras sequências de destruição, em alguns filmes interessantes e muitos outros desprezíveis, “elipsou” o apocalipse numa cena extremamente simbólica, não somente por sabermos da cidade de Nova Iorque acabada e sumida do mapa, mas de toda a população da Terra literalmente enterrada com a estátua presenteada pelos franceses, e, sobretudo, um certificado anti-Guerra Fria, por que não?
Lembro-me que saí do cine São Luiz pequeno e amedrontado pelas ruas do centro de Fortaleza, querendo chegar logo em casa. Aquilo seria possível? Olho ao redor deste mundão, e não duvido. O planeta explode diariamente em meio a paz que regamos para os nossos filhos. O homem avança na maravilha da tecnologia enquanto diametralmente regride na brutalidade da ganância pessoal, da prepotência imperialista, no desprezo ao próximo. É assustador, sim.
“O planeta dos macacos” teve quatro continuações, razoáveis, mas sem o mesmo impacto, explorando o mais do mesmo, estendendo-se até em série na TV. Em 2001, o assanhado Tim Burton fez um remake lamentável, cheio de malabarismos digitais, mais parecendo um vídeo-game.
Amanhã estréia no Brasil a refilmagem digirida pelo inglês Rupert Wyatt, “Planeta dos macacos: a origem.” O trailer desperta atenção. Resta saber em que praia enterraram a Liberdade.
Setaro's Blog: 30 anos sem Glauber
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
vermelho azulado
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Cia de Dança Carioca em Temporada no Cariri
A Esther Weitzman Cia de Dança, Cia de dança contemporânea profissional com 11 anos de atividades na cidade do Rio de Janeiro, realiza de 25 a 28/08/2011 no interior cearense o projeto de Circulação Dança Adentro do Norte ao Nordeste do país, contemplado pela FUNARTE através do Prêmio Klauss Vianna 2010.
A circulação teve sua primeira etapa na região NORTE, passando pelo Teatro do SESC em Palmas-TO e o grandioso Teatro Amazonas em Manaus-AM. Para a segunda etapa no NORDESTE a Cia traz a 04 cidades da região do Cariri o espetáculo ”Presenças no Tempo” em agosto e em setembro apresenta-se no Piauí.
Programação temporada Cariri:
Dia 25 (quinta) – JUAZEIRO DO NORTE – 19h – Faculdade Leão Sampaio
Dia 26 (sexta) – BARBALHA – 19h – Cine-Teatro Neroly Filgueira
Dia 27 (sábado) – CRATO – 19h – Teatro Rachel de Queiroz
Dia 28 (domingo) – NOVA OLINDA – 18h – Teatro Violeta Arraes – Casa Grande*
A cia já esteve no Cariri em 2011, com o espetáculo 'o que imagino sobre a morte' no Festival Nacional de Dança do Cariri, promovido pela Associação Dança Cariri, em abril/2011 no SESC Juazeiro e retorna ao Cariri com as apresentações GRATUITAS e a realização de Oficinas de ‘Dança e Criação’ com artistas, estudantes de dança e teatro, das cidades visitadas.
Como coreógrafa, bailarina e mestra Esther Weitzman, liga sua pesquisa e criação artística a atividade didática. Imprimindo em suas obras uma qualidade dramatúrgica em que o vigor do movimento, força e inscrição no espaço dialoguem com o silêncio, criando uma linguagem em que o corpo estabeleça sua própria partitura.
PRESENÇAS NO TEMPO
O espetáculo Presenças no Tempo apresenta forças, intenções e contornos antes não utilizados na escrita coreográfica de Esther Weitzman, propondo novos caminhos para os diálogos propostos. Os trios, duos e solos que se estruturam ganham permanência mínima para, logo em seguida, encontrarem outras possibilidades de formação, em um jogo contínuo que interfere na construção do tempo e do espaço apontado em cena. Movimentos que exploram a leveza e a densidade, instaurando com isso complexidade no corpo e na cena.
Um tempo que recria a experiência do estar, assim como a potencializa, reverberando na percepção de si e do outro.
Direção/Concepção/Coreografia: Esther Weitzman
Criação e Intérpretes: Beatriz Peixoto, Edney D´conti e Mariana de Souza
Colaboração Artistica: Paulo Marques e Miriam Weitzman
Dramaturgia: Beatriz Cerbino
Desenho de luz: José Geraldo Furtado
Figurino: André Camacho
Professores da Cia: Alexandre Bhering (Pilates) / Paulo Marques (balé)
Programação visual: Eni Nunes
Fotografia: Renato Mangolin
Video: Gustavo Gelmini
Trilha sonora: Antonio Vivaldi
Direção de Produção e Execução: Jota Júnior Santos e Mônica Batista
Oficina: DANÇA E CRIAÇÃO
Dia 25/08- JUAZEIRO DO NORTE – Faculdade Leão Sampaio – 15h ás 17h
Dia 26/08 – BARBALHA – Cine-Teatro Neroly Filguera – 15h ás 17h
Dia 27/08 - CRATO – Teatro Rachel de Queiroz – 15h ás 17h
Dia 28/08 - NOVA OLINDA – Teatro da Fund. Casa Grande – 14h ás 16h
Inscrições gratuitas e nos locais da oficina
Público alvo: Bailarinos, coreógrafos, criadores, atores, professores e estudantes.
Carga-horária: 2 h/a
Capacidade: 20 alunos
Informações: 88 9981 7700
Esther Weitzman é especialista em Arte e Filosofia (PUC/RJ, 2006) e formada em dança pela Escola Angel Vianna. Atualmente, integra o corpo docente do Curso de Licenciatura em Dança e do Curso de Teatro da UniverCidade (RJ) . Também é professora de dança contemporânea na PUC/RJ. Em 1999, criou a Esther Weitzman Companhia de Dança, firmando-se como coreógrafa no cenário da dança brasileira. Fundou em 1992, o Studio Casa de Pedra – Centro de Educação e Arte do Movimento.
Apoio:
Centro Cultural Banco do Nordeste, Secretaria da Cultura de Barbalha, Faculdade Leão Sampaio, Guerrilha do Ato Dramático, SCAC, Cia de Teatro Brincante, Associação Dança Cariri, Inspiração gestão da cultura, Pirralhos produções e Instituto Corrupio Povo Cariri
Agradecimentos:
Associação Dança Cariri, Cacá Araujo, Carolina Rocha, Centro Cultural Banco do Nordeste, Curso de Educação Física da Faculdade Leão Sampaio, Dorivan Amaro, Fundação Casa Grande, Luciany Maria, Nathália Inglith, Paulo Roberto, Ricardo Campos, Sec. de educação Nova Olinda e Secretaria da Cultura de Barbalha.
Contato Produção:
Jota Júnior Santos – (88) 9981 7700- eu_jotajunior@hotmail.com
Monica Batista – (88) 9919 4321 - monicabds24@yahoo.com.br
DEFENDAMOS O SÍTIO FUNDÃO!
O que restou de placa afixada pelo Governo Estadual na entrada do Sítio Fundão, bem próximo da guarita onde deveria ter um guarda mas está abandonada (foto de Cacá Araújo) |
Ruínas do engenho de pau do Sítio Fundão (foto de Cacá Araújo) |
SINDICATO DOS ARTISTAS HOMENAGEIA ATRIZ ORLEYNA MOURA
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Lavras da Mangabeira conta sua história - Emerson Monteiro
Numa iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo, a Prefeitura de Lavras da Mangabeira iniciou, sábado, 20 de agosto de 2011, os trabalhos que visam aprofundar estudos relativos ao conhecimento da rica história daquele município.
Comuna das mais antigas do Ceará, elevada a vila em 20 de maio de 1816, Lavras detém um passado de expressivos acontecimentos, desde quando chegara o seu fundador, capitão-mor Xavier Ângelo, procedente da Paraíba do Norte, aos feitos legendários da matriarca Fideralina Augusto Lima, das primeiras mulheres que assinalaram a vida brasileira nos primórdios da colonização do interior, pela fibra de coragem e liderança altiva diante das agruras do semiárido nordestino.
Visando, pois, a preservação desses valores históricos que definem as origens de famílias e instituições, nas formações locais, a prefeita Edenilda Lopes de Oliveira Sousa (Dena) e Miriam Linhares de Sá e Sousa (Manta), secretária de Cultura do município, organizaram mesa redonda composta por membros da comunidade, autoridades e titulares da Academia Lavrense de Letras, visando debater fatos históricos que definem a estruturação de um futuro seminário sob o tema História de Lavras da Mangabeira – Valores, Cultura e Artes da Cidade, do Município e Região.
Ao término dos estudos, será elaborado vasto documento que consolidará os feitos dos povos do lugar considerados os pontos de vista religiosos, econômicos, políticos, educacionais, científicos e turísticos.
Esse primeiro evento ocorreu nas dependências da Escola Estadual de Educação Profissional Professor Gustavo Augusto Lima (ex-Colégio Agrícola de Lavras da Mangabeira), em solene reunião presidida pela professora Fátima Lemos, da Academia Lavrense, com a presença da chefe do Executivo, professora Edenilda Lopes, do deputado estadual Danniel Oliveira, educadores, representantes do Legislativo, autoridades civis e religiosas, profissionais liberais e de um bom público, os quais prestigiaram a realização.
Ao empreender essas pesquisas, os lavrenses demonstram sentimento cívico e exemplo pedagógico, aprimorando meios de desenvolver e educar as novas gerações numa louvável providência.
domingo, 21 de agosto de 2011
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Weak Leaks em Matozinho
Matozinho , amigos, é uma espécie de umbigo ou cloaca do mundo. Nada de novidade acontece no planeta que já não tenha sido experimentado por lá. No 11 de Setembro , alguém lembrou imediatamente um atentado similar acontecido em terras matozenses: um funcionário descontente havia incendiado a fábrica de fogos de artifício de Juca Rasga-Lata, num atentado bastante parecido ao das Torres Gêmeas. Na queda do Boing da Air France, alguém recordou, de pronto, um episódio igual acontecido por ali: Codercino Socó era um funileiro inventivo e resolveu pôr no ar sua invenção inovadora, o primeiro Jumentoplano. Havia providenciado asas para um jegue e as fixou na cangalha do bicho, junto com um funil de flandres que adaptou no focinho da alimária, em feitio de Concorde. Depois levou o bicho para o alto da serra da Jurumenha , vendou-o e, junto com um co-piloto, na garupa, saltou com artefato voador de um despenhadeiro. O acidente foi terrível : pereceram o jumento, os dois comandantes e um bode que , displicentemente , passava embaixo do campo de aviação improvisado. Na queda do Sky-Lab , já havia acontecido algo parecido com um foguete construído por Juvenal Fogueteiro e que saiu doido pelos ares, carregando seu tripulante que nunca mais foi visto : o mocó de estimação de D. Erotildes Candéia.
Semana passada, no entanto, Matozinho pareceu extrapolar todas as expectativas de pioneirismo mundial. No Centro de Convenções da cidade – o Bar do Giba – o professor Alderiano Braveza, com ares doutorais, falou sobre o escândalo do momento: um tal de Weaks Leaks. Segundo ele, esse bicho era uma página na internet, que estava entregando os podres dos governos do mundo todo.
--- Nem D. Filo, meu povo, a maior fofoqueira dessa cidade, desatarraxou tanto desmantelo, tanto desmazelo. É tanta fofoca cabeluda, tanto lavamento de roupa suja, que só vendo !
Na seqüência, Alderiano teve que destrinchar que diabos era internet e como foi que vazou tanto esgoto mundo afora. Ganhara o professor um imediato ar de autoridade e importância, principalmente pela novidade que trazia aos comensais e bebessais do Bar do Giba. O sucesso, no entanto, durou poucos minutos. De repente, Jojó Fubuia, já com a voz meio engrolada, como se tivesse tido um ramo, gritou da ponta do balcão:
--- Isso num é novidade não , fessô, já aconteceu desse mesmo jeitinho aqui em Matozinho !
Todos riram, imaginando que Jojó estivesse tresvariando. Como, se ninguém nem sabia ali o que era essa tal de Internet e esse tal de “xililique” ? Estrategicamente, Fubuia deixou que todos discutissem suas versões pessoais, gozassem dele, como se se tratasse de delírio de bêbado. Depois, com a satisfação de político do PR em obra do DNIT, demonstrou a descoberta da verdade histórica. Muitos lembravam ali de Parsifal Rocha que fora, por muitos e muitos anos, Chefe da Agência dos Correios e Telégrafos de Matozinho, ou seja, chefe dele mesmo. Pois bem, desenterrou Jojó, o homem era discretíssimo, um barnabé a toda prova, dava para fazer confissão no lugar de Padre Arcelino. Rochinha era versadíssimo no Código Morse e o responsável direto pelo envio de telegramas de todos os interessados da região. Nunca se soube de uma história sequer que tivesse vazado dos Correios, através da boca de siri do nosso telegrafista. Em 1960, no entanto, vocês lembram da enchente do Rio Paranaporã, não é, pessoal ? Um inverno de lascar , desses de jia morrer afogada e sapo cururu gritar por bóia. Pois bem, continuou Fubuia, a água entrou de Correios adentro e carregou toda correspondência para dentro do Rio, lembram ? Quando as chuvas pararam um pouco, as águas foram baixando e os meninos caíram dentro do Paranaporã para tomar banho. Junto com eles, saltou Dudeca Morais, aprendiz de marinheiro na Capital e que estava de férias da caserna aqui em Matozinho. Em meio ao banho, aos caldos e cangapés, os meninos deram com uma ruma de fitas dos Correios, todas com enigmáticas escritas em Código Morse : traço, ponto, ponto, traço. A escrita era intraduzível para toda a população, menos para uma pessoa: Dudeca Morais, grumete e que, por questões de ofício, fora obrigado a aprender aquela ingrizia. Pois amigos, vejam como Matozinho é precoce, foi nesse dia mesmo que aqui aconteceu esse tal de Weaks Leaks e Dudeca se transformou no primeiro Julian Assange do universo. Pouco a pouco, ele começou a ler as fitas e a traduzir segredos impensáveis da vila.
Algumas correspondências eram até pitorescas como a de Rochinha, dando notícias de chuva na propriedade, para um tio: “Chuva fina nas Lajinhas, assinado Rochinha “. Um telegrama de Sinderval Bandalheira, o prefeito da cidade, encaminhado para um deputado, era claro : “Mande comissão combinada,construção do Grupo Escolar, só aceito mínimo 50 %”. Um outro do Padre , para o bispo, era terrível: “Sua traidora, você me paga !Nunca mais apresento coroinha para você, mulher gulosa”. Um telegrama de D. Filó, a fofoqueira, para uma tal de Generosa era , igualmente, impublicável: “Volta, malvada ! Minha horta quer teu cenourão!” . Alguns eram um pouco enigmáticos como o da beata Maroquinha para o sacristão Fefeu : “ A chama tá apagando, Fefeu, cadê seu maçarico?”
Segundo, Fubuia, as revelações do Weak Leak matozense, poderiam até ter ido mais longe, não fosse por uma das fitas em que Dudeca, ao ler, empalideceu e empacou. Saiu da água e no outro dia , sem quaisquer explicações, retornou à Marinha e não deu mais notícias. Um dos meninos banhistas guardou a tirinha e, muitos anos depois, ainda encafifado, indo à capital, pediu a um parente do Correio para traduzi-la. Só então se compreendeu: era de D. Gertrudes, mãe de Dudeca, endereçada a um certo Bosco, em São Paulo e dizia:
“Chico é pomba-lesaPT
Não sabe que não é o pai de DudecaPT
Venha terminar o serviçoVG
Seu nojentoPT”
Gegé
J. Flávio Vieira