TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 25 de outubro de 2011

CUBA: a mosca na sopa do IMPÉRIO - José do Vale Pinheiro Feitosa

No século XX a “famosa democracia” americana, essencialmente de brancos europeus, evoluiu para o mais franco imperialismo. A famosa conquista do Oeste que se tornou a essência da alma americana, como bem disse o diretor de cinema John Ford, já era a conquista imperial de um território alheio. Não adianta os olhos rútilos de amor pelo expansionismo americano: está lá, em toda a costa da Califórnia, a presença secular das Missões Jesuíticas espanholas. Durante duzentos anos os espanhóis e depois os mexicanos criaram estruturas por lá. Não era um território abandonado, depois foi invadido pelos “pioneiros”.

O México, a América Central e a América do Sul se tornaram espécies de terreiros das instituições americanas, com estratégias de faxina prévia tipo a Fundação Rockfeller, depois os marines e boinas verdes, para consolidar as empresas americanas com governos dóceis aos desejos comerciais estrangeiros. John Gerassi ainda nos anos 60 traçou um perfil inquestionável do que chamou “A Invasão da América Latina.”

Os americanos estão comprovadamente por trás de todos os golpes efetuados na América Latina, inclusive a queda de João Goulart quando aproximaram navios da costa brasileira para dividir o país em vários territórios de domínio do império (haviam feito com a Coréia e o Vietnã). Recém falecido, o ex-ministro da saúde Wilson Fadul contava da arrogância do embaixador Lincoln Gordon com as autoridades brasileiras. Dr. Fadul descobriu uma enorme e ilegal remessa de lucros através de sobrefaturamento de medicamentos importados pelas filiais americanas da indústria farmacêutica. O ministro determinou a execução da prática de preços internacionais, por vezes dez a vinte vezes menos e o embaixador americano veio para cima dele querendo proteger a prática deletéria para o povo brasileiro. O Ministro não o recebeu, mas o embaixador esteve à frente do golpe contra Jango.

Os EUA treinaram torturadores, treinaram militares brasileiros e desviaram o Brasil de seu destino por mais de 30 anos apenas para exercer o controle sob o guarda chuvas da Guerra Fria. Cuba, uma ilha muito próxima da Flórida, com forte sangue Espanhol, especialmente galego, desde o final do século XIX que tinha um povo nacional que naturalmente brigou sob a liderança do poeta José Martí. O famoso Theodore Roosevelt, ainda hoje objeto de propaganda de culto à personalidade através de inúmeros filmes, voltados para a juventude, invadiu a Ilha e jogou-a sob o capricho do império em franca evolução.

Um império mercantil e industrial, do estilo capitalista, funciona com armas e domínio da produção e comercialização da mesma. E foi isso que ocorreu com Cuba. Viveu uma longa história na primeira metade do século XX sob o tacão da violência e golpes de estados financiados por empresas produtoras de frutas e da cana de açúcar e pasmem sob o controle da máfia americana.

O jornalista T.J. English acaba de publicar um livro, traduzido para o Brasil chamado “Noturno de Havana”. O assunto foi tratado em vários filmes, inclusive na trilogia do “Poderoso Chefão”. Trata-se da máfia americana sob a liderança de Lucky Luciano e Meyer Lansky querendo transformar Cuba numa Monte Carlo do jogo e da prostituição. Logo depois a ilha se tornou uma espécie de porta aviões fixo para o nascente comércio de drogas como a cocaína. Eles queriam tomar um país e subjugar um povo para os caprichos da indústria de entretenimento, bem ao largo do enorme império ávido por bacanais.

É preciso entender que o asco dos moralistas com este tipo de atividade não resolve a grande contradição que vaga em suas almas, tontas da ideologia da guerra fria. O cinema dos musicais, inclusive a nossa Carmem Miranda, o mundo da música como Frank Sinatra e da política como John Kennedy era comensais, protegidos e financiados pela máfia que pretendia dominar Cuba. Mas quando existe um povo, a história nem sempre atende aos interesses do poder dominador e o poder dominador cai. Mas isso é uma nova história para outro texto que pretendo escrever em breve.

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