Não sem certo orgulho provinciano li uma entrevista do Maurício Tavares no site do Terra Magazine sobre o último episódio de discriminação e agressão barata do comediante Rafinha do CQC da rede bandeirantes. O Maurício que escreve aqui no Cariricult e nasceu no Crato põe com precisão de doutor a discussão sobre o assunto. O Maurício, professor de comunicação da UFB fez seu doutoramento na PUC-SP com uma tese sobre o humor na mídia ("Paródia no Rádio (PRK-30 e Café com Bobagem") e no site critica o tipo de humor (“stando-up comedy”) casca grossa praticado por alguns ao qual classifica como “humor de humilhação” e de “arrogância”.
Aliás, o Maurício Tavares que é ele mesmo um humorista dos costumes em seus textos, põe o Rafinha no lugar social que explica muito mais do que o indivíduo e expõe certos valores coletivos da classe média brasileira tradicional. É preciso ao classificar tais humoristas: Rafinha Bastos é o típico menininho classe média que tira onda com os fodidos. Mas isso não bastaria, pois quem é classe média do tipo exposto pelo Maurício poderia se explicar sem a absorver crítica do seu próprio comportamento. Mas aí o Maurício fecha o assunto apontando o valor cultural de tais peças.
Aqui como saiu no Terra Magazine: “as piadas de Danilo Gentili, Marco Luque e Rafinha Bastos representam a "era do vazio", como definiu o filósofo francês Gilles Lipovetsky. "Rafinha faz a piada vazia, eternamente adolescente, sem graça. Como diz Lipovetsky, é um humor da era do vazio, a graça pela graça, muito próximo do adolescente típico", ataca Maurício Tavares.”
Escolhido pelo site para apontar um assunto que dominou a semana passada e esta, o Maurício estava junto a outro debate assemelhado do mesmo período. Aquele ocorrido em torno da manifestação da Secretaria da Mulher ao CONAR questionando um comercial em que Gisele Bündchen oferece seu corpo ao maridão para receber o perdão pelos excessos econômicos e batidinhas de carro praticadas no patrimônio marital. Estamos falando do preconceito e da discriminação e de como evoluir na sociedade para algo superior em termos de valores humanos universais.
Aí vem uma questão para o qual não tenho um norte preciso, mas sinto a brisa do amanhecer. Refiro-me à necessidade de que na cultura e através de políticas públicas e sociais estes preconceitos que diminuem a universidade de todas as pessoas, sejam combatidos e superados. Inclusive tais penduricalhos culturais que constrangem e privilegiam pessoas fazem parte da superação de culturas regionais e da criação da verdadeira criação de uma ambiência multicultural.
Por isso lá no primeiro parágrafo já fui me desculpando pelo provincianismo de me orgulhar por um conterrâneo brilhar numa inserção de natureza nacional. É que o regionalismo vai lentamente se tornando matéria de fusão numa ambiência muito maior e com interdições e aceitações muito mais sutis e variadas. Por isso me preocupa um único fato a envolver a necessária ação contra o ato de discriminar.
Tal fato é a tendência que ao criarmos políticas específicas para proteger os discriminados estejamos perdendo o norte do valor universal. Somos todos iguais e assemelhados não por que não se discrimina negros, mulheres, homossexuais, árabes, judeus e que mais possa haver, mas pela compreensão de que tais categorias são penduricalhos culturais superados e que agora o valor universal se impõe.
Enfim, como superar tais penduricalhos culturais e ao mesmo tempo construir o valor universal num mundo multicultural e global.
Ps. O meu orgulho em relação ao site é antigo e rotineiro, o nosso escritor Ronaldo Brito escreve todas as semanas para ele. Hoje mesmo tem texto dele.
Um comentário:
Zé,
Como estaá o Rio de Janeiro?
Sua presença aqui estava sendo reclamada.
The TaVARES bROTHERS (Maurício e LUPIN) são críticos ferinos dessa nossa sociedade cultuadora do besteirol.
Grande abraço
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