TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A direita política se unindo no velho udenismo? José do Vale Pinheiro Feitosa

Alguma batuta se empenharia a filtrar as esquerdas de alguns blogs onde a direita se acamaria com maior facilidade? Não respondo a esta dúvida, apenas a ponho no campo das possibilidades, mesmo que não represente uma intenção, mas apenas uma prática de turvar que separa.

A luta é mais geral, não é local.

Mesmo quadros que mostram a cara no debate dos nossos blogs, reproduzem a luta geral de um mundo em transição acelerada. Os debatedores dos blogs, à exceção de um ou outro jovem, costumam ter a idade de quem viu a União Soviética afundar e a Rússia que foi a primeira se tornar um país emergente; os EUA afundarem numa crise financeira, a Europa que se uniu para afundar todos juntos e o Japão que era a jóia do sistema capitalista, se tornar uma ilha esquecida a não ser pelas desgraças econômicas.

Pelo menos nos debates dos nossos blogs as feições ideológicas não desapareceram. Como vivemos todos na realidade, tais feições são mesmo é a expressão da realidade, as diferenças entre direita e esquerda não se sustentam apenas nas idéias políticas, mas têm um substrato social e econômico. Os que diziam que as ideologias tinham afundado reproduziam o pensamento mais antigo da direita política.

Isso acontece nos nossos blogs: o Chávez da Venezuela é um horror, mas o Sílvio Berlusconi mais longevo que o Chávez não era. A direita tem um ódio debochado com lideranças que não fizeram universidade ou que tenham cara de índio. Mas como existe certa burrice conceitual tão típica da cegueira extremada: têm dificuldade de classificar o herói da revolução mexicana: o cara de índio Benito Juarez. (ou não têm, qualquer revolucionário é um horror).

Quando as idéias básicas faltam ao conservadorismo de direita, costumam se refugiar numa doença psiquiátrica do sectarismo: o moralismo. A UDN, de algum modo certas práticas oposicionistas do PT e agora o PSDB/DEM se refugiaram nesta prática com uma picareta na mão destruindo personalidades e políticas públicas, mas deixando apenas escombros. Esperam que alguma força da “ordem” venha para retirar os escombros e ocupar o vazio de idéias que estas práticas deixam.

A UDN, nas décadas de 50 e 60, passou mais de 20 anos perdendo eleições e estimulando a intervenção militar até que ela ocorreu por mais de 30 anos. Não é por acaso que leio textos dos meus contemporâneos de debates nos blogs daqui com todas as teses e práticas do udenismo. Isso apenas demonstra o padrão do conservadorismo que pretende engessar uma realidade que teima em mudar.

E por qualquer critério que é preciso ser apresentar a nos convencer ao contrário, as teses das esquerdas brasileiras (algumas originadas dos comunistas e socialistas, mas nem sempre) foram vitoriosas por uma simples razão: o Brasil só cresceria se tivesse independência dos sistema imperial que criava dependência econômica; só cresceria se a sua economia de mercado fosse maior do que os 20% que consumiam. Enfim as teses das esquerdas brasileiras e latino americanas eram bem capitalistas: criar um mercado interno com liberdade internacional de mão dupla.

Ficar espinafrando Cuba, Venezuela, Bolívia e Equador para se deitar no aconchego da Colômbia, Chile e EUA nem ideologia é. Trata-se de um tremendo erro de avaliação da realidade. E tem um dado: pode nem ser original, apenas o ribombo da mídia corporativa e seus sites.

Um comentário:

Unknown disse...

Com certeza.

Mas o que mais exaspera a direita local é que nos blogs, nas ruas, nas universidades, existem as vozes que se opõem a ela.

Aí, a gritaria. Melhor, a histeria combinada com a hidrofobia. Alguns, descendentes dos antigos senhores da casa grande, outros, descendentes mesmo do escravos, cabras, crioulos, alforriados ou não, que se prestam, sabe-se lá porque a gritarem os lemas da surrada direita.