A Igreja hoje é uma Igreja partida, dividida, e há dois modelos em conflito, que é o da Igreja-instituição, da Igreja-hierarquia, da Igreja-poder, que se estrutura em papa, cardeais, bispos, dioceses, paróquias e SE REPRODUZ COM MUITA DIFICULDADE, PORQUE HÁ CADA VEZ MENOS PADRES PARA MANTER A REPRODUÇÃO DESSA IGREJA.
Junto dela está surgindo um novo tipo de Igreja, que eu chamaria “Igreja-rede-de-comunidades”, que está assentada não no poder, mas na vida. Isto é, o diálogo “fé-vida”. Nas comunidades, nas associações de moradores, grupos que vivem a fé nos seus encontros e que têm sua força no arquétipo cristão, não na instituição, nas suas tradições, mas o cristianismo como uma instância de esperança, tendo como referência comum a Bíblia, e aberta para a sociedade.
MAS NÃO A SOCIEDADE PORTADORA DE PODER DE DECISÃO, O PACTO VELHO, QUER DIZER, A IGREJA PODER RELIGIOSO SE ASSOCIA COM O PODER CIVIL. Não, é a Igreja com as classes emergentes, com os destituídos, pobres, marginalizados, excluídos, que são a grande maioria. Então, pra mim, está se dando aí um novo pacto do cristianismo, no sentido dos primórdios, que era feito de escravos, de portuários, de destituídos, de soldados, e estamos vivendo esse tipo de cristianismo, que tem hoje uma dimensão mundial. Muito forte na África, na Ásia, muito forte no Primeiro Mundo: você vai à Alemanha, Itália, Estados Unidos, está cheio de grupos e comunidades do Terceiro Mundo que têm como referência a perspectiva libertária do cristianismo. A outra é o cristianismo da reprodução e é ocidental. É produto da cultura ocidental, de tal forma que não dá pra fazer a história do poder do Ocidente, reis e príncipes, sem fazer simultaneamente a história da Igreja.
Texto: Leonardo Boff
Grifos: JNMS
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