Professor José Carlos de Assis o senhor quer acrescentar mais alguma coisa? Uma coisa importante se você só tem uma variável de controle que é a taxa de juros, qualquer outro fator inflacionário na economia acaba sendo reduzido a esse, então a fórmula tem em si mesma um risco de ineficácia brutal. Por que você tem, por exemplo, uma pressão inflacionária que venha do câmbio em determinada situação. Na medida em que você tenha uma situação dessas e se você usa a taxa de juros para controlar a inflação você pode estar arriscado a estrangular a economia em nome do controle da inflação. E às vezes você até controla a inflação, mas você controlaria de uma forma alternativa muito menos sacrificante para a sociedade. Essa é que é a questão.
Antonio Dória: Pois é Assis, eu quero acrescentar outra coisa, um trabalho muito interessante sendo feito por uma aluna minha de pós graduação, Juliana que tem experiência direta do mercado financeiro, por que ela é analista de mercado financeiro. E ela chama a atenção que em certos casos o regime de metas de inflação é inflacionário, por quê? Vamos supor que você tenha que acrescentar juros ao que seja de consumo compulsório. Por exemplo, comida? Você tem que consumir comida de qualquer jeito. Você pode botar o preço que for, você pode diminuir a quantidade mas você está consumindo aquilo. E o juro é um custo a mais, que está elevando mais ainda o preço. Quer dizer o regime de meta de inflação se não for aplicado com muito cuidado, e naquelas fórmulas eu não vi isso, acaba sendo ao contrário do que desejam um regime inflacionário.
Na sua opinião o que representa os teoremas de vocês como demonstração das bases do neoliberalismo. Deixa eu dizer primeiro a origem deles. A idéia deles foi sugerida por um grande economista matemático americano, chamado Alain Lewis, eu conto toda história no livro, e ele é chamado o outro Nash, por que o perfil dele em termos teórico é muito semelhante ao perfil de John Nash. A única diferença que tem é que Lewis tenha feito grandes trabalhos ele não ganhou o prêmio Nobel. O John Nash, prêmio Nobel de Economia a respeito de quem foi feito um filme Uma Mente Brilhante. Esse teorema nos foi sugerido pela pessoa que aparece como autor principal que é o Marcelo Tsuji, um economista paulista que nos foi encaminhado a mim e ao Nilton da Costa pelo Delfim Neto. O Delfim é uma grande cabeça teórica e achou que Tsuji podia dar algumas idéias muito boas para a gente e podia, eventualmente, fazer, como acabou fazendo, a pós graduação conosco, conosco eu estou dizendo, o Nilton da Costa que é o terceiro autor do teorema e eu. E o que esse resultado mostra é o seguinte: o mercado é dito como uma espécie instrumento de cálculo de pontos de equilíbrio, de situações adequadas, perfeitas em economia. Tudo bem, o que a gente mostra é que no caso geral nós nunca sabemos quando o mercado chegou no equilíbrio. No caso geral! Há casos particulares em que você pode dizer agora o mercado está equilibrado, os preços que nós temos estão equilibrados. Mas no caso geral, quando você está lidando com modelo matemático muito complexo é impossível computacionalmente você determinar se o mercado chegou ao um ponto equilíbrio ou não. Ou seja, a tese central da teoria Neoclássica ficou muito prejudicada com este teorema. Parece que o Nash ficou furioso quando soube.
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