Para se tomar uma referência em relação à Faixa da Gaza, com
1,5 milhões de habitantes e recentemente bombardeada pelo Exército Israelense
(não Judeu que é um povo e uma religião, embora cada vez mais ortodoxos
prefiram confundir a temporalidade de um Estado com a atemporalidade religiosa):
a região metropolitana de Fortaleza possui 3,7 milhões e a região Cariri 574
mil habitantes. E por que falar em Faixa de Gaza?
Para observar o significativo da injustiça social, do
genocídio e da perseguição aos pobres em todo o sistema de produção, circulação
e distribuição das riquezas no mundo atual. Ali naquela faixa estão todas as
formas de ódio, de ressentimento, de humilhação, de apreensão constante do que
um dos importantes Judeus do ocidente, Noam Chomsky, considera como “a maior
prisão a céu aberto do mundo”. Diz
Chomsky, evidenciando os propósitos das políticas de dominação de nações
detentoras dos avanços tecnológicas e controladoras de grandes riquezas: “cujo
propósito não é senão humilhar e rebaixar a população palestina e ulteriormente
garantir tanto o esmagamento das esperanças de um futuro decente quanto a
nulidade do vasto apoio internacional para um acordo diplomático que sancione
os direitos a essas esperanças.”
Não por culpa dos Judeus, mas por um mistura do Estado de
Israel com o projeto Imperial dos Estados Unidos, especialmente na região mais
promissora em Petróleo ao fim da Segunda Guerra Mundial, praticamente tornando
Israel em mais uma Unidade dos EUA. Assim como foi o Havaí tão distante. A
situação hoje de Israel e seu Exército tornando prisioneiros aos palestinos,
matando-os e destruindo seus prédios, tem um dor cruel: o mesmo valor insensível
e odioso dos genocidas dos judeus na Alemanha Nazista.
Mas copiando Caetano o Gil volto-me para as nossas faixas de
gaza, pois estas estão aqui mesmo em nossa cidade. Se formos passear nas mentes
assustadas e cheias de ódio que praticamente surtam diante de eventuais “crimes”
contra o patrimônio feito por algum morador de nossos bairros populares como a
Batateira, por exemplo. Ao invés de se observar o crime, suas razões agravantes
e atenuantes, o amplo direito de defesa e o poder de punir da justiça, toma-se
de uma cultura punitiva contra todo um bairro. A Batateira se torna,
especialmente na mídia “escandalosa”, nas rodas “familiares” que advogam um
individualismo exacerbado e consumista e, por isso mesmo, na voz de políticos
oportunistas, numa “faixa de gaza” a ser atacada.
O bairro da Batateira como um equivalente à Faixa de Gaza
funciona no imaginário punitivo de setores da nossa cidade com o mesmo valor extremado
de ampla maioria no Estado de Israel. A cegueira de injustiça, justaposta à luz
da Justiça é o que mais temos para refletir sobre qual a cultura urbana e social
que o nosso país deseja. É certo que há uma ampla força trabalhando para
reproduzir “ad nauseam” as faixas de gaza, mas certamente temos que nos
organizar para construir a contradição a isso para em seguida extrair a síntese
de uma sociedade democrática.
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