Uma coisa interessante na história do Ceará é a participação
de sua gente nos grandes eventos históricos do país. Não vou citar amplamente
quadros da literatura, pintura, heróis, historiadores, fundadores de religião e
assim por diante. Vou lembrar a contribuição de cearenses para as fileiras do
Partido Comunista Brasileiro e por este engajamento viveram grandes perigos em
sua vida.
O Médico Isnard Teixeira foi uma referência importantíssima,
tendo vivido na Bahia e aqui no Rio orientou muita gente, entre elas Carlos
Marighella. Quadros importantes do PCB eram cearenses, mas vou destacar uma
pessoa muito especial: José Mendes de Sá Roriz.
Nasceu no Crato em 1927, filho de Belarmino de Sá Roriz e
Leonina Mendes de Sá Roriz. Lutou na segunda guerra mundial, recebeu inúmeras
condecorações e ali perdeu um olho. Durante um ataque na Itália Sá Roriz com
risco de morte salvou a vida do General Cordeiro de Farias.
Reformado como 2º Sargento foi morar no Rio de Janeiro onde
entrou para o PCB. Participou em movimentos sindicais, foi candidato a deputado
federal e membro do Grupo do 11 fundado por Brizola.
Com o golpe de 64 foi preso, torturado e em 1965 foi exilado
para o México. Lá ficou até 69 quando resolveu retornar ao Brasil pois um dos
filhos estava com uma grave doença. Retornou clandestino.
A família de Sá Roriz vivia sendo presa para forçar o
encontro dele. Em 28 de março de 1973 quadros da repressão invadiram sua casa,
prenderam e torturaram seu filho mais novo de 17 e toda a família ameaçada até
que Sá Roriz se apresentasse. Sá Roriz apresentou-se ao Marechal Cordeiro de
Farias a quem salvara a vida, o filho foi libertado e Sá Roriz ficou 17 dias no
DOI-CODI/RJ onde foi morto.
Esta história é para lembrar-nos que o ser humano se
encontra sempre em primeiro lugar. Por isso mesmo práticas políticas violentas
podem ser até justificadas na história, mas quando um país é tomado por um
grupo político que “terceiriza” a violência para grupos a política é ferida e a
corrupção humana mais perversa prevalece.
Espero que os gritos contra a corrupção não se tomem de
espírito apenas pelos cofres públicos, mas tomem de horror igual e ao mesmo tempo
pelo acúmulo de riquezas e pelos assassinos de alugueis e por aquele s que
usurpam o poder popular para lhes perseguir.
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