Marinila Calderaro Munguba Macedo a conheci em duas
circunstâncias que conspiram simpatia: o excelente nível dela com profissional
de saúde pública e ser casada com um caro amigo da minha infância,
especialmente no Colégio Diocesano.
Marinila é um dos primeiros exemplos da região do Cariri
onde se ressaltava a grande redução das diferenças antes existentes entre as
capitais e o interior. A formação acadêmica dela, a prática em problemas
objetivos, inclusive como gestora de saúde e, principalmente, o ativismo em
fóruns nacionais tornou Marinila Calderaro uma referência a tornar a região do
Cariri igual ao que acontece em Fortaleza ou Recife.
Foram quadros como ela, igualmente com Marcos Cunha entre
outros valores da região que criaram a possibilidade da instalação de várias
escolas de nível superior em saúde, como a Enfermagem e as duas Faculdades de
Medicina. A legitimidade de toda escola não vem Do mero transplantar de equipes
para territórios distantes, mas ao contrário, é a base territorial que dá
sentido à instalação acadêmica. Sem pessoas como a Marinila o Cariri nunca
seria nestes termos o quê hoje é.
Agora voltando à pessoa da Marinila. Vou dizer o quê o
machismo regional interdita: Marinila é um símbolo da mulher bonita uma vez
sendo esse símbolo a mistura de firmeza de ser, agudeza no trato humano,
suavidade na divergência, perseverança no agir, presença nas dificuldades além
da beleza física dela mesma. Samuel Macedo Lobo com a marca do tempo que todos
temos, tem junto a si, continuamente, um propósito de amar, uma nascente
permanente a preencher a totalidade de se estar no mundo.
Marinila Calderaro carrega no sobrenome um símbolo do nosso
nativismo tão intenso como o sobrenome Araripe. Marinila é da família Munguba e
esta é uma das plantas mais intensas em significado fitogenético e histórico da
nossa navegação costeira com as antigas velas. A Munguba originou-se na
formação do antigo lago Amazônico que depois foi formar a atual bacia, surgiu
lá nas alturas do que é hoje o Acre. É uma planta das terras alagadas e por
isso tornou-se a referência de água doce a indicar fontes para os nossos
antigos navegantes costeiros.
Quando tratamos o perfil tão simpático de uma pessoa que
admiramos, tendemos a esquecer de eventuais divergências necessárias à vida em
sociedade. Nesse ponto é certo que Marinila, atuante como é, tenha levantado
oposição em alguém, mas isso faz parte de toda ação política e, portanto,
administrativa. Isso no meio acadêmico chega a quase ser a regra, mas tudo isso
por ser inerente não apaga o perfil simpático desta mulher especial da nossa
região.
Marinila tomada de sensibilidade social e política excursiona
na senda espiritual através da sua religiosidade praticante. Aí ela se desdobra
num esforço pessoal descomunal, pois torna a própria casa dela numa espécie de
centro de concentração humana e de prática religiosa. Essa é uma das tarefas
mais difíceis a se praticar: juntar individualidades numa comunhão de
pensamento e obra ao mesmo tempo em que é o centro da hospitalidade.
Enfim, ser no mundo é encontrar tantas pontas soltas e
tentar juntá-las, mesmo sabendo que entre estas se encontram fios energizados e
desencapados.
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