TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 13 de abril de 2013

Fortaleza ao longe

"não não não aquele mar não é o mar
sequer um postal noturno do mucuripe
enviado por um parente em algum sonho
são luzes, apenas

são meus olhos, apenas

ali não há barcos
nem peixes
nem o rapaz
que namorava
'sem ter medo da saudade
e sem vontade de casar'.”


Certa vez, aqui em Brasília, avistei o horizonte noturno da janela do oitavo andar. Luzes piscavam ao longe como barcos lentos no mar. Por um instante tive a certeza que estava em Fortaleza, que via o Atlântico em Fortaleza, que barcos vinham me buscar para Fortaleza. Eu subiria num pier no Lago Paranoá e ouvindo "Terral" do Ednardo, navegaria até o Mucuripe.

E escrevi esses versos, que estão no livro "A paisagem e a distância - poemas sobre Brasília e outras ilhas".

A saudade tem desses delírios. A saudade cria vontades e imagens. A saudade, ao contrário da música, dá vontade de casar.

Hoje é aniversário da cidade de Fortaleza, 287 anos. A morena desposada do sol - assim prefiro.

Daqui do cerrado meu peito cerrado de lembranças lhe abraça, Fortaleza.

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