TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Exploração - por José do Vale Pinheiro Feitosa


A ideia da exploração do homem pelo homem remonta à antiguidade. Melhor dizendo: às civilizações clássicas. E tem por base a produção agropastoril e a exploração de minérios. Quer dizer a necessidade de tirar a liberdade de ir e vir e tornar o escravo aprisionado ao sistema de produção de natureza continuada.

A diferença da exploração que começa com o Renascimento, as grandes navegações, o mercantilismo, a reforma protestante e a contrarreforma, que desembocou no capitalismo e na sociedade industrial é o fim da terra como valor e a urbanização como estratégia. A urbanização não é o mote da mudança, mas a empresa capitalista e o sistema financeiro que acompanhou para precificar e garantir a posse dos excedentes.

A exploração do homem pelo homem não se encontra numa maldade ontológica humana e nem na sua degeneração moral. A natureza do capital é a exploração e, portanto, o patrimônio moral é esse, como dizem os americanos tudo em nome do business. Aliás, como John Houston bem mostrou em seu filme Prizzi´s Honor “legitimamente” seguido pela Máfia americana.

A colonização europeia dos outros continentes aconteceu movida pela empresa mercantil e assim acelerou a transformação mundial global de modo que o fenômeno começa há quinhentos anos. A tomada das terras indígenas, africanas, australianas e asiáticas não foi um processo clássico de ocupação de terras por outros povos como no feudalismo. Foi ela, a tomada, feita sobre a plataforma da empresa mercantil que sustentava grandes plantações, minerações, caçadas e coletas para abastecer os navios de porto em porto.

Aqui no Brasil mais do que tomar violentamente as terras indígenas, a mercantilização e o capitalismo destruíram a cultura medieval portuguesa e a cultura original indígena e as substituiu pela fazenda não mais feudal, embora guardasse muitos aspectos daquele tempo. A exploração do homem pelo homem continua a grande questão filosófica, se entendemos a filosofia como a organização da ideia para entender o seu mundo e assim transformá-lo.

Entender que o capitalismo e suas contradições estão no desemprego em massa, nas guerras, na fome, no desespero do indivíduo, nas cloacas urbanas, na violência interpessoal, na prostituição feminina, no consumo de estimulantes e substâncias inebriantes e de modo geral na cultura do consumismo conspícuo.

Mais do que repetir os mantras de nossas revistas e jornais conservadores os nossos intelectuais, os professores e os formadores de opinião têm que ampliar os horizontes do local da discussão. Não podemos sair pela tangente e nem por ideias escapistas que o problema do mundo se deve à Venezuela e aos irmãos Fidel de 86 anos e Raul de 82 anos de idade. Osama Bin Laden tem sua execução comemorada hoje. Foi há dois anos.

O capitalismo continua o local da discussão.        

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