Quando algo nasce
primeiro ouve-se o choro do respirar. Depois vêm os cuidados com a fragilidade
do novo. Mas o novo mesmo leva algum tempo até se tornar o presente.
Isso para usar como
metáfora sobre o movimento da juventude brasileira que se aproxima dos
movimentos mundiais contra a crise do capitalismo e todo o seu conteúdo
político: neoliberalismo, corporações econômicas, imperialismo,
neocolonialismo, conservadorismo e sociedades a serviço de poucos.
Agora a metáfora não
explica a enorme capacidade humana e suas manifestações. Os seres humanos
aprendem com a história e sabem utilizar este aprendizado.
O primeiro deles é que
a ninguém é dada a liberdade de usar os benefícios que fez a todos para errar
sem reparos. O que vale na relação política é a prática em curso. O que não
significa o imediato, mas o mediato que se entende como um rumo. Mas só porque
acertou não se pode errar, a vaia sempre acontecerá. Principalmente se alguém
acabou de assistir à pauleira da polícia em manifestantes e sentiu os olhos
arderem com o gás lacrimogêneo.
O segundo é que movimentos
sociais e políticos bem estruturados conhecem o rumo de sua luta e aprendeu a
ler a realidade nas ruas no calor das refregas. O comandante da polícia de São
Paulo, cargo comissionado do governador do PSDB, sugeriu à lideranças do
Movimento do Passe Livre, que lidera as manifestações, que usasse a bandeira do
pedido de prisão dos condenados pelo mensalão.
O terceiro que para se
encontrar na luta das ruas é preciso reconhecer os aliados e os inimigos. O
Secretário de Segurança de São Paulo numa desfaçatez de fazer corar até uma
pedra de cal fez duas sugestões às lideranças do MPL reveladoras das
estratégias da repressão contra o próprio movimento.
Sua Excelência sugeriu
que as lideranças avisassem bem antes o roteiro das manifestações. Vamos sair
deste ponto, cruzar tal rua, dobramos aqui, seguiremos por lá de tal modo a revelar
todo o campo onde a forças de repressão se posicionarão. Assim como preparar um
corredor polonês para levar cacetada em fileira.
A outra sugestão do
sacripanta foi que os membros do MPL vestissem as mesmas camisetas com as
mesmas cores para que a polícia pudesse distingui-los do restante da população.
Aí seria mais fácil do que jogar videogame. Era só passando camisetas e os
alvos atingidos.
A resposta do MPL para
as três propostas do fino da velhacaria foi não. Mas no fundo borbulhava algum
palavrão.
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