Apesar
de ser uma das poucas áreas verdes dessa autentica “selva de pedra” em que se
transformou a cidade de Fortaleza e, conseqüentemente, diretamente responsável
pela série de benefícios daí advindos, o “Parque do Cocó” sempre foi tratado
como um filho bastardo pelos detentores do capital, assim como pelas
autoridades constituídas (Governo do Estado e Prefeitura de Fortaleza).
Assim,
espelhando-se no mau exemplo dado pelo proprietário do Shopping Iguatemi que, lá
atrás, quando ainda não existia essa preocupação toda com o meio ambiente, o
erigiu em pleno coração do Cocó, desvirginando-o, sem preocupar-se com o crime
que estava cometendo, hoje inescrupulosos empresários da iniciativa privada (segmento
imobiliário), brandindo documentos jurássicos e sem nenhuma preocupação com os
malefícios daí decorrentes, volta e meia vivem a ameaçar erguer torres de
apartamento naquela área nobre, de olho no lucro decorrente.
O
poder público, de sua parte, jamais ficou atrás, cujo exemplo mais emblemático
foi a construção da Av. Sebastião de Abreu, aqui em Fortaleza, que comporta
amplas calçadas (em ambos os lados), largo canteiro central, além das pistas de
rolamento (fluxo e contra-fluxo) com cerca de quatro faixas de tráfego cada,
daí sua largura total ficar entre 60/80 metros, dividindo o parque em dois,
norte e sul. À época, pra “tirar a suja”, hipocritamente decidiu-se que não
seria asfaltada, mas, tão somente calçada com paralelepípedo, a fim de evitar a
“agressão ao meio-ambiente” (como se a própria construção da imponente avenida
não representasse uma incurável cicatriz).
Fato
é que, dia-a-dia e paulatinamente, a área do “Parque do Cocó” vem sendo “comida
pelas beiradas”, pondo em risco sua própria existência, daí a explosão de
descontentamento que eclodiu agora, quando a Prefeitura de Fortaleza (dominada
pelos Ferreira Gomes) resolveu, em nome da “mobilidade urbana”, construir dois viadutos no encontro das
avenidas Antônio Sales com Engenheiro Santana Júnior, adentrando a área do
parque em 07 metros de profundidade por 240 metros de extensão.
Como
a coisa foi feita de maneira truculenta, abrupta e grotesca, sem qualquer
discussão ou apresentação de alternativas outras à sociedade, ambientalistas,
arquitetos, ecologistas, políticos, parte da população e a própria academia apelaram para o
Ministério Público Federal, que, sensível aos argumentos apresentados, proibiu,
pelo menos temporariamente, que a obra prosseguisse; e aí a novidade: sob a
alegativa de ser aquela área propriedade da União.
O
incrível de tudo isso é que, embora tenha sido criado há 24 anos (1989), via
decreto governamental que definiu áreas a serem desapropriadas, formal e
oficialmente o “Parque do Cocó” não foi ainda “legalizado” (uma das
reivindicações dos ecologistas/ambientalistas), porquanto as desapropriações
respectivas não foram efetivadas pelo Governo do Estado (em nome da “utilidade pública”),
daí a pressão para que este delimite sua área e oficialize de vez sua
existência, acabando com a especulação sobre.
A
batalha promete ser intensa.
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