A data correta é hoje. Ontem foi a véspera. E todos têm o
direito à comemoração e, por serem interdependentes no processo social, mesmo
quando ferinos individualistas, predadores mercantilistas ou vorazes rentistas
do capital, a querer o abraço pelo nascimento. Pelo novo. Pelo que significa
mesmo que por horas, ao coletivo abraça ainda que apenas por palavras e textos
velhos, gastos e de puro chavão.
Mas hoje é preciso examinar-se o interior e a derme do
cotidiano para sentir a troca de presentes da véspera. Sentir o acréscimo do
nascimento. É preciso saber se o abraço comemorativo deixou alguma marca da
mensagem de amor, fraternidade, paz e senso de justiça como matéria do
humanismo e do perdão.
Comecemos pela necessária proteção e liberdade dos pobres,
das crianças, dos idosos, das mulheres vítimas da violência, o arrefecimento do
rancor irracional do preconceito de classe, cor, etnia, origem, contra doentes,
a homofobia, todo aquele pensamento excludente de privilegiados apavorados com
a presença do outro.
Comecemos com a mensagem do novo atribuindo contradição às manifestações
que, em pensamentos, palavras e obras de ódio tanta gente assacou pelas redes
sociais, nas rodas de parcerias infames, nos panfletos, nas reuniões sociais e
políticas todas defendendo a escravidão do camponês espoliado, dos pobres
desempregados das periferias urbanas, das adolescentes de famílias pobres que,
sem proteção, eram entregues às jornadas escrava do serviço doméstico.
Este velho ranço anticristo que se camufla nos rituais
religiosos, com os vasos do pescoço estufados pelo palavrório que repete salmos
e palavras como armas para negar toda a nova mensagem que nasceu no dia de
hoje. O anticristo que deseja levar para a fogueira da condenação as religiões
indígenas, as fabulosas crenças de origem africana. Este mercantilismo
concorrencial de quem precisa montar o seu negócio da fé.
E antes de apontar o dedo para anunciar a desgraça que o
Bolsa Família ou outros programas de proteção social existam como fator de
vagabundagem e para falta de trabalhadores baratos, imaginem o ser que nasceu
no dia de hoje. Que viveu poucos anos, mas não para aquela época quando tão
poucos chegavam aos quarenta anos de idade. E viveu pregando, pelos caminhos do
Oriente Médio, mesmo quando na marcenaria do pai, largava o formão para falar
da nova mensagem.
Mas o anticristo, por
camuflagem, não terá coragem de nomear a ele vagabundo, apenas por não suar em
produtividade, mas descer do seu rosto o suor nas estradas pela nova mensagem. A
novidade. O nascimento.
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