Sem “substância” - José Nilton
Mariano Saraiva
Não é de todo verdade a
versão de que, com a proximidade da eleição presidencial, os adversário-concorrentes
estejam tentando “desconstruir” a candidata Marina Silva. Ela, sim, é que, por
despreparo, por falta de firmeza e consistência político-ideológica e por recorrentemente
desdizer o que houvera afirmado lá atrás, a cada debate mete os pés pelas mãos,
a cada intervenção “ao vivo” se enrola nas próprias artimanhas e contradições,
a cada desculpa apresentada mostra sua verdadeira face.
Já vimos, por exemplo, que
mudou de posição da noite pro dia no tocante à questão da homofobia (constante
do seu programa de governo), após o pastor Silas Malafaia dar-lhe um ultimato (puxão
de orelhas) e ameaçar abandonar seu barco se não se retratasse e se não mudasse
a versão original imediatamente (o que foi feito, de pronto).
Mais à frente, descobriu-se
que nas diretrizes constantes do seu programa de governo (sempre ele), no
tocante à questão tecnológica parte do texto fora simplesmente “copiada” de uma
revista da USP e “colada” àquele documento, sem que sequer os verdadeiros
autores tenham sido consultados e/ou creditados (e isso findou por causar um generalizado
mau estar entre os integrantes da “academia”).
Depois, Marina Silva chegou a
“descredenciar” o mentor da sua política econômica, que houvera afirmado de
forma contundente que o ajuste das contas do governo teria que necessariamente passar
por um corte profundo das verbas destinadas aos programas sociais do governo. E
aí, como o discurso não guardava um mínimo de conformidade com o contido no seu
programa de governo, Marina Silva preferiu sair pela tangente, ao afirmar que “não
era bem isso” o que o seu mentor econômico escrevera (só não traduziu o que ali
constava).
Já no tocante à atuação dos
bancos públicos, o programa de governo da candidata prega a necessidade de uma profunda
diminuição ou encolhimento da sua atuação. Questionada sobre se os bancos
privados estariam dispostos a praticar uma taxa de juros subsidiada e no longo
prazo nos grandes projetos estruturantes (como o fazem os bancos públicos), de
novo tratou de negar o contido no seu programa de governo (onde consta, sim,
que os bancos públicos terão sua atuação diminuída). Afirmou que a sua fala houvera
sido desvirtuada (de novo, não explicou).
Alfim, no mais recente debate
na TV (Rede Record), foi questionada pela atual presidente Dilma Rousseff com relação
ao seu voto quando da votação da CPMF. É que afirmara lá atrás ter votado
favoravelmente à criação da mesma. E bastou uma “consulta” protocolar à
documentação pertinente (ata da sessão) onde consta a posição de cada um dos
parlamentares votantes - favorável (SIM) ou desfavorável (NÃO) - para restar
constatado que o voto da parlamentar Marina Silva, registrado para a
posteridade, é por demais claro e cristalino: em votações distintas, optou pelo
NÃO (pega na mentira, tentou, sem sucesso, enrolar mais uma vez).
Fato é que Marina Silva “desconstrói” a si própria, ao mostrar que
entre a teoria (seu plano de governo) e a prática (seu discurso, sua fala)
existe uma oceânica distância, absolutamente conflitante e dispare.
A pergunta é: não seria por demais arriscado levar alguém tão “sem
substância” ao cargo maior da nação ???
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