No Congresso
Nacional, o “baixo clero” representa aquela parcela significativa de parlamentares
que, sem poder de influência e/ou brilho próprio, se dispõem a “negociar” o
voto a fim de aprovar medidas de interesse dos parlamentares “graduados”.
O exemplo
emblemático de tal situação deu-se na gestão Fernando Henrique Cardoso (FHC), quando
os parlamentares corruptos integrantes do “baixo clero” foram acionados para
aprovar uma emenda à Constituição Federal instituindo a reeleição para a Presidência
da República (espécie de precursor do “mensalão”, só que pluripartidário). O
preço pago foi de R$ 200 mil per capita, conforme depoimento dos deputados
acreanos Ronivon Santiago e João Maia, dois dos felizardos agraciados.
Ainda à época de FHC,
comprovado restou terem as empreiteiras e os grandes bancos exercido papel
decisivo no apoio financeiro ao seu projeto de manter-se mais quatro anos no
poder, através de doações vultosas àquele projeto.
A reflexão acima
tem a ver com a recente passagem de FHC por nossa capital, a fim de participar
de um evento político, quando, fiando-se na famosa “memória curta” do povo
brasileiro, afirmou sem qualquer constrangimento: a) que eleição no país hoje é
“compra de voto”; b) que no financiamento da campanha “quem dá para um, não
pode dar para outro”; c) que “a democracia hoje é financiada por empreiteiras,
pelos bancos e por quatro ou cinco empresas”. Ou seja, exatamente o que houvera praticado lá
atrás (pena que a nossa mídia não o tenha inquirido sobre o ocorrido em seu
governo); d) de sobra, afirmou que a presidenta Dilma Rousseff “merece um Nobel por arrebentar o setor de petróleo,
do etanol e da energia” (esqueceu de que no seu (des)governo a “Petrobras”
quase vira “Petrobrax”, a fim de tornar-se palatável aos ouvidos gringos).
Agora, o mais
incrível nisso tudo é que ainda exista alguém que se disponha a “pagar” caro para
ouvir uma figura reconhecidamente corrupta, já que além da compra de votos para
a reeleição, entregou a “preço de banana em fim de feira” a determinados grupos,
boa parte do patrimônio nacional (Daniel Dantas está aí mesmo pra comprovar
isso), sem que se saiba até hoje onde foi parar a grana arrecadada.
Lamentável ainda é tomar conhecimento de que “a fala de FHC
contra Dilma foi bastante aplaudida pela platéia” (conforme depoimento de quem
esteve presente ao citado evento).
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