E nos cacos
depositados no canal do rio a memória de uma lava que nasce no incêndio da
nossa alma. E passa sem nunca nos deixar. Sem que os tucanos biquem as urnas
numa ruptura que não dizem deles, dos uirapurus, dos galos campinas, dos pássaros
que jamais passam.
Que evoquem
os bandeirantes no seu desespero de inclusão do botim nos porões das sumacas.
Das mortes dos Guaranis, da pele do gato maracajá, do ouro nas minas que rasgam
a terra, com os rios transpassados, e as canoas por ondem descem aprisionados
os guaikurus, terenas, paiguás, kadiweos a cobrir de lanhos o solo do plantio
de riquezas. Os bandeirantes, desbravadores de terras, o instrumento do leito
mercantil do oceano atlântico.
E tanta
morte através do oceano, desde a costa da Mina, do Dahomé, os axantis, popós,
crus, que nas praias do Maranhão e da Bahia fundaram o tambor de mina e o candomblé
jeje. E cobriram o solo da terra com seus pés e os rastros ficaram para sempre.
Para
desespero dos chicotes feitorados, o abraço entre corpos numa alma única e o
cadinho Jeje-Nagô. Nagô, Iorubá, Oxumaré, Mawu é o centro indizível de uma
correnteza que é nação, que é povo, que não se pode controlar, aprisionar,
depositar.
E evoquem o
Supremo Tribunal de suas malfeitorias que ainda assim a marcha da nação não irá
parar. É que os mamelucos bandeirantes escondem dentro de si uma banda que diz
terra, espaço, liberdade. Uma banda que desfila na Avenida Paulista, que
navegou junto o Rio Tietê, subiu pela Mata Atlântica a Serra do Mar e como com
seus tropeiros foram dar com os costados nas Minas Gerais.
E todo este
esforço de conquistar o metal dourado, não esterilizou o desejo da terra
prometida. O destino profético do solo intato, o martelar contínuo do sussurro karaí,
a dizer vai ao teu destino, abandona este solo e conquista a terra sem mal. Segue teu destino profético, e
liberta a metade de tua alma deste gelado espectro do norte.
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