TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

PÃO, TERRA E LIBERDADE - José do Vale Pinheiro Feitosa

As semelhanças simbólicas são reais nos dias de hoje e nas decisões eleitorais que tomaremos nos próximos dias. E tomaremos tais decisões em relação a governadores e à Presidência da República. As semelhanças são com a dicotomia logo após a Revolução de Trinta que impregnava o debate político não apenas aqui no Brasil. Era o debate entre esquerda e direita.

Um debate agudizado por posições extremadas advindas de tempos difíceis que no desespero levavam a soluções autoritárias como na União Soviética e no Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Mas não excluamos o que acontecia de conservadorismo de direita exacerbada na Inglaterra (um rei que veio abdicar que era simpático a Hitler) e na França.

No debate agudo tudo se resumia a Fascismo e Comunismo. No entanto é preciso que ao descer ao íntimo dessas coisas perceba-se que aí vai encontrar forças políticas que jogam de um lado e outro nem sempre com arraigada convicção ideológica. E isso por que?

É que o sectarismo ideológico é músculo apenas, enquanto a realidade é inteligência e capacidade de construir algo mesmo diante de contradições. De qualquer modo o debate continua superando impregnações de modo que é sempre possível que se observe o campo das ideias como mais do que um cérebro ou um corpo. As ideias são construções de muitos e refletem como este coletivo sofre, interpreta e procura interagir com a realidade.

Há muito que saí da minha terra e do meu lugar. Aquele bairro que se formava virou uma grande aglomeração. Uma aglomeração muito diferente da que vivi, e vivi em cada casa, em cada rua, como se vive um lugar. A diferença deve ser muito grande em quantidade, mas a qualidade do povo e de suas necessidades continua uma questão a ser superada. Superada pela vontade deste povo e o seu primeiro passo é o voto. O voto no lado simbólico que lhe cabe.

Agora pegando o lema dos Integralistas naqueles tempos remotos: “Deus, Pátria e Família”. É o lado autoritário e conservador de ser: pensa em Deus não como o criador, mas o feitor, o capitão do mato de todos os trabalhadores. Pensa na Pátria não como a união de nordestinos a todas as regiões, mas como a República Piratininga que submete todos a sua vontade. Pensa na família não como nossas raízes afetivas e genéticas, pensa nas famílias poderosas que precisam se unir para controlar a gentinha sem hereditariedade ducal.


Pão, terra e liberdade. Pensa no Pão porque a fome é o primeiro passo a ser superado para que se tenha um tempo neste mundo. Pensa na terra porque é nela que se realiza a vida na sua unidade familiar, na duração histórica e na identidade cultural (eita nós, os nordestino). E pensa na Liberdade porque esta é a raiz de tudo, especialmente da juventude e sua capacidade de incomodar o banquete dos bem postos. 

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