Meses atrás, em uma das nossas postagens, mostramos
que uma determinada microempresa, do Crato, embora tendo por objeto a
comercialização de “HORTIFRUTIGRANJEIROS”, fornecia à prefeitura da cidade...
“material de construção-merenda escolar” fugindo léguas da finalidade constante
do edital respectivo.
Eis que agora, alertado por denúncias de moradores
da própria urbe, o “repórter secreto” do programa Fantástico, da Globo (exibido
em todo o mundo), foi investigar o desvio de R$ 1,2 milhão, da MERENDA ESCOLAR,
de empresas que venceram licitações e assinaram contrato com a prefeitura de
Crato.
É que, em 2012, a empresa “Cícera da Silva” era
fornecedora de sete (07) municípios, incluindo Crato. Valor total dos contratos
nessas cidades: pouco mais de R$ 724 mil. Quase metade do dinheiro era da
prefeitura de Crato. Cícera da Silva é a dona da empresa que recebeu o
dinheiro. Mas que firma é essa? (atentem para o
diálogo): Fantástico: A senhora tem uma PAPELARIA ? Cícera da
Silva: Tenho. Fantástico: A senhora era merendeira? Cícera da Silva: Não.
Eu vendia merenda. A gente vendia uma merendinha aqui e acolá. Quando dava para
vender a gente vendia (Um dos contratos que a PAPELARIA de Cícera venceu, no
valor de R$ 343 mil, era para fornecer MERENDA às escolas de Crato: ovo tipo
marrom, sal iodado, rapaduras e mistura para mingau). Cícera da Silva: Eu
não tenho estoque, né? Então, a gente comprava e entregava.
Pois bem. A cidade de Crato foi fiscalizada, no ano
passado, pela Controladoria-Geral da União (CGU). Ela investigou a movimentação
do dinheiro público na PAPELARIA. Conclusão da CGU: o relatório da
Controladoria diz que a PAPELARIA Cícera tem "características de empresa
de fachada". Ou seja, características de uma empresa usada para encobrir o
desvio de dinheiro público.
O marido dela, Eduardo Ferreira, também tem uma
empresa, a “E. V. Ferreira”. Em 2012, a “E. V. Ferreira” também teve um
contrato para fornecer MERENDA à prefeitura de Crato. Valor: R$ 866 mil. É a
mesma história. A sede da firma não se parece com uma empresa de varejo de
alimentos. Como Eduardo Ferreira é casado com a Cícera da PAPELARIA, e cada um
tem uma empresa, e cada empresa tem ou teve contratos com a prefeitura, a
conclusão é: o casal mexeu com muito dinheiro público da cidade de Crato. “E.
V. Ferreira”: contrato de R$ 866 mil. “Cícera da Silva”: contrato de
R$ 343 mil. Total: R$ 1,2 milhão. “A GENTE GANHA QUE DÁ PARA
SOBREVIVER, NÉ ???”. diz Cícera da Silva. Quando perguntamos a
Eduardo Ferreira o que ele tem a dizer sobre essa “dobradinha marido-mulher”,
empresa com empresa, como é que pode o marido ser concorrente da mulher, veja o
que ele diz: “Uma está no nome dela, e outra, no meu nome. Eu achava melhor
agente manter só no nível da EV mesmo”, diz Eduardo. Para Controladoria-Geral
da União, a empresa dele tem mais uma coisa em comum com a empresa dela: no
relatório da fiscalização, a firma dele também tem "características de
empresas de fachada".
Samuel Araripe, que era o prefeito de Crato quando
a “E. V. Ferreira” e a “Cícera da Silva” foram contratadas pelo município,
afirmou na televisão que todo o processo de licitação e de fornecimento de
MERENDA escolar se deu dentro da lei. “Esse fato de ser fachada ou deixar de
ter fachada, eu entendo que isso não é competência do prefeito. Toda a parte
legal, ela foi fiscalizada e foi exigida na minha gestão à frente da prefeitura
do Crato”, afirma o ex-prefeito da cidade.
Perguntas que se impõem:
1) será que o ex-prefeito
do Crato ignora (a ponto de pouco se importar com isso) que “empresas de
fachada” têm por finalidade precípua encobrir o “desvio de dinheiro público”???
2)
como explicar que marido e mulher sejam contemplados para prestar um mesmo tipo
de serviço à prefeitura, através de empresas de araque, no exorbitante valor de
R$ 1.200.000,00 ???
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