Ontem um amigo, ao telefone, perguntou-me pelos 80 bilhões
de reais da corrupção na Petrobrás. Eu apenas vira a manchete do jornal O
Globo. Não lera a matéria, afinal é um número muito alto para o curso da corrupção
(seja ela de 3% ou 10%).
Considere que toda a corrupção acontece no fluxo de
investimento (em maior escala) e no fluxo de manutenção de atividades (em menor
escala). Qualquer cidadão medianamente informado sabe que a Petrobrás tem um
valor de mercado de aproximadamente 60 bilhões. Isso considerando a acumulação
da empresa em toda a sua existência.
A empresa não tem fluxo de manutenção para subtrair tal
montante e nem tem, ela e qualquer grande petroleira, capacidade de
investimento desta ordem (da qual se extrai a corrupção) nos últimos 20 anos.
Não tem, inclusive, pela oscilação do mercado de Petróleo, considerando o
desenvolvimento da China e da Índia por demanda e a crise econômica por demanda
reduzida. Incluindo a própria entrada dos EUA no petróleo de xisto que inundou
o mercado de óleo.
Portanto a manchete é uma deslavada mentira. É uma jogada
política para se contrapor ao governo e aos partidos políticos no governo. É
apenas isso. Não é de agora que isso existe, aqui e no mundo todo. A mídia
brasileira segue o mesmo diapasão da mundial: aposta no sucesso dos ricos e se
lixa para a miséria do povo.
Essa história é igual ao bilhão de dólares que Collor e sua “gangue”
teria juntado em menos de um ano de governo. Se dava conta, inclusive, de
festas de regozijo no mais luxuoso hotel de Paris, para se comemorar a marca do
dinheiro. Era tudo uma farsa, independente que aquela turma tenha se metido em
corrupção. Falo do montante.
Hoje está clara a fonte de mentira da manchete sobre a
Petrobrás. O que aconteceu foi uma avaliação feita em todo o seu investimento num
determinado período e desta avaliação se extraiu um valor que é inferior ao
contabilizado pela empresa. E esta diferença será objeto de reanálise, pois aí
tem oscilação de mercado, tem critérios de avaliação de uma coisa que não está
à venda, é apenas estoque e assim por diante. Pode ser que a diferença até seja
a maior, mas pode ser menor a aí é a questão.
Quem tem imóvel nas cidades brasileiras, até mesmo nas
pequenas, tem como referência de preço de sua unidade o crescimento de valor de
mercado dos últimos anos. Em cidades como o Rio de Janeiro cresceu tanto, que
até se falava em bolha imobiliária. Agora este mesmo imóvel está perdendo valor
de mercado. É disso que estamos falando. Muita gente ainda tem por referência
que seu imóvel valha o tanto quanto a fase de crescimento, mas se for posto à
venda, pode encontrar outra realidade.
Agora uma última linha. A mídia nacional além da questão
política, está a serviço da privatização da Petrobrás, como sempre esteve. Ela funciona,
neste momento, como uma espécie de escritório de corretagem. Tenta
desestabilizar os donos do negócio para passar a outros donos. Esta é a questão
principal, além da política.
Como o governo é o principal acionista,
desestabilize-se o governo.
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