TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

JE SUIS CHARLIE - José do Vale Pinheiro Feitosa

Ora atravessar a rua de uma cidade se diferencia quando eram carroças e quando automóveis. Isso é: em Nova York, Paris, Londres, na era das carroças o descuido ao atravessar uma rua era fatal. Talvez não no Crato.

O que se tem é que casas de um lado e outro, uma via estreita e concentração de pessoas é o modelo humano que caracteriza a cidade. Os equipamentos, instrumentos e tecnologias mudam muito, mas as cidades são o que são.

Onde quero chegar?

A que o modelo do capitalismo é o mesmo. Tem evolução, recebe novas práticas, acentuam-se as transações, sua logística, facilita eletronicamente sua matemática, mas o velho capitalismo é o mesmo e está em crise. Crise séria. A ponto de pensadores como Wallerstein imaginarem uma passagem ao pós-capitalismo.

Formular o pensador americano que ao entrar em declínio esta ordem se desagregando liberta uma certa emergência (por falta da ordem) ao mesmo tempo em que expande os valores de um pós-capitalismo. Essa dinâmica pode pender para o lado de um sistema mais democrático e igualitário como exatamente para o oposto com um mundo mais hierarquizado, violento e desigual.  

Aí é que entra a política e a consciência de cada um, seja quem for, onde estiver e o que fizer. Estas duas alternativas irão “brigar” pela sucessão de modo que o conjunto histórico compreende o que cada um fizer, a cada momento, e casa assunto que se apresente à nossa realidade.

Estamos novamente na ocasião do poder da politização (consciência) de cada um.

Sobre o atentado em Paris é o que vemos. Compreender duas coisas simples: ele é um atentado político, como é, também, uma armadilha para empurrar a política para o lado da hierarquia, violência e autoritarismo. Essa é a direita da história. Aquela que tem a oportunidade de criar o horror aos migrantes de todos os continentes que estão na Europa.


Como diz a historiadora francesa Maud Chirio: “puro produto do obscurantismo e da tradição da violência fascista contra toda a filosofia das Luzes e do pensamento livre. A sociedade francesa está, portanto, confrontada com dois extremismos que acabam fazendo o jogo um do outro (jihadistas e extrema direita).  

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