Ora atravessar a rua de uma cidade se diferencia quando eram
carroças e quando automóveis. Isso é: em Nova York, Paris, Londres, na era das
carroças o descuido ao atravessar uma rua era fatal. Talvez não no Crato.
O que se tem é que casas de um lado e outro, uma via
estreita e concentração de pessoas é o modelo humano que caracteriza a cidade.
Os equipamentos, instrumentos e tecnologias mudam muito, mas as cidades são o
que são.
Onde quero chegar?
A que o modelo do capitalismo é o mesmo. Tem evolução,
recebe novas práticas, acentuam-se as transações, sua logística, facilita
eletronicamente sua matemática, mas o velho capitalismo é o mesmo e está em
crise. Crise séria. A ponto de pensadores como Wallerstein imaginarem uma
passagem ao pós-capitalismo.
Formular o pensador americano que ao entrar em declínio esta
ordem se desagregando liberta uma certa emergência (por falta da ordem) ao
mesmo tempo em que expande os valores de um pós-capitalismo. Essa dinâmica pode
pender para o lado de um sistema mais democrático e igualitário como exatamente
para o oposto com um mundo mais hierarquizado, violento e desigual.
Aí é que entra a política e a consciência de cada um, seja
quem for, onde estiver e o que fizer. Estas duas alternativas irão “brigar”
pela sucessão de modo que o conjunto histórico compreende o que cada um fizer,
a cada momento, e casa assunto que se apresente à nossa realidade.
Estamos novamente na ocasião do poder da politização
(consciência) de cada um.
Sobre o atentado em Paris é o que vemos. Compreender duas
coisas simples: ele é um atentado político, como é, também, uma armadilha para
empurrar a política para o lado da hierarquia, violência e autoritarismo. Essa
é a direita da história. Aquela que tem a oportunidade de criar o horror aos
migrantes de todos os continentes que estão na Europa.
Como diz a historiadora francesa Maud Chirio: “puro produto
do obscurantismo e da tradição da violência fascista contra toda a filosofia
das Luzes e do pensamento livre. A sociedade francesa está, portanto,
confrontada com dois extremismos que acabam fazendo o jogo um do outro (jihadistas
e extrema direita).
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