Mercê da generosa remuneração oferecida, da
possibilidade de traficar influência, da garantia de uma aposentadoria precoce
e polpuda e de
mais um mundo de facilidades no dia a dia, não há
como contestar que - no Brasil – lamentavelmente o ingresso na atividade
político-partidária transformou-se numa espécie de rentável e atrativo
“investimento”, verdadeiro
“meio-de-vida” sem fazer força, assegurador
de um futuro risonho e promissor (e tal juízo de valor não exclui nenhuma das
atuais legendas, embora, evidentemente, sem contemplar todos os seus
integrantes).
Eis a razão do “enxame” de candidatos que, mesmo antes de adentrar a
arena política, visa
apenas e tão somente “se fazer”, mesmo e apesar do total desconhecimento da
nobreza do conceito grego sobre o que venha a ser “política” (com “P”
maiúsculo), daí a pouca ou nenhuma importância – ou seria “conveniente
ignorância” - sobre ética, interesse público, bem estar coletivo, priorização
do social, dedicação
a uma causa maior e por aí vai.
Como resultado, temos o surgimento no seio do nosso
parlamento federal, de
“bancadas” às mais diversificadas e específicas, cada uma puxando com avidez a
sardinha para a sua brasa: bancada da bola, dos evangélicos, da bala, dos
latifundiários, dos banqueiros, dos empresários e tantas outras (quanto
ao povo, que lá os colocaram, que “se exploda”, como diria Chico Anísio).
Como em toda regra há as exceções de praxe, evidentemente que também
aqui existem aqueles que objetivam servir ao próximo, conseguir melhorias para
o país, priorizar o social e melhorar a vida dos menos favorecidos, conforme
nos mostraram na “prática-executiva” Lula da Silva e Dilma Rousseff, ao excluir
o Brasil do mapa mundial da fome, ao catapultar da pobreza absoluta milhões e
milhões de compatriotas e ao fazer o país crescer e desenvolver-se.
A encimada e simplória reflexão objetiva lançar um
olhar sobre o atual e difícil momento pelo qual atravessa a nação, quando, a
uma “crise econômica” (e o Brasil não é uma ilha) séria e merecedora de
cuidados (mas, perfeitamente superável), as dezenas de “pilantras-políticos”
com assento no Congresso Nacional irresponsavelmente e sem qualquer compromisso
com a seriedade, resolvem
tentar criar, por picuinha, interesses contrariados ou mera pirraça, uma “crise
política” que pode ter repercussões inimagináveis ou desaguar no caos absoluto
(a última, lembremo-nos, nos custou 21 longos e angustiantes anos, sob o tacão de uma
ditadura militar braba).
Fato é que, juridicamente (o único meio legal
disponível), o “impeachment” de uma presidenta democraticamente eleita pelo
povo é algo anômalo e impraticável, simplesmente por não existir um fato
determinado que o justifique (conforme já anunciado por causídicos de escol).
Há que prevalecer, pois, a legitimidade do voto popular.
Assim, querer desfraldar tal bandeira (detonar a
presidenta) escudando-se na corrupção desenfreada praticada por meia-dúzia de
bandidos no âmbito da Petrobras (sem que haja qualquer resquício de
participação da mandatária maior da nação) ou até por esta ter adotado métodos
de política econômica de uso recorrente pelos seus antecessores (uma espécie de
contabilização específica de determinadas transações, de pronto e imediatamente
rotuladas pejorativamente de “pedaladas fiscais”) trata-se de algo inaceitável
e que cheira ao mais abjeto golpismo.
Principalmente em se sabendo que nas duas casas
legislativas federais (Câmara e Senado) não só existem dezenas e dezenas (a
maioria) de “picaretas” que foram beneficiados com propinas e doações às mais
diversas (inclusive oriundas do esquema Petrobras) assim como pelo fato de que
tais denúncias envolvem os respectivos presidentes (Eduardo Cunha e Renan
Calheiros), teoricamente metidos até o pescoço em tenebrosas transações.
A constatação a que podemos chegar é que, por não se
conformarem de terem sido derrotados nas quatro últimas eleições presidenciais,
e por não aceitarem um modo de fazer política resultante na ascensão dos menos
favorecidos, os
líderes oposicionistas ao atual governo se acham movidos pelo ódio, tomados
pela insensatez, incensados pela truculência, possuídos pelo revanchismo, daí o pouco caso
demonstrado com os destinos do país (a ordem é mesmo tentar inviabilizar o
governo a qualquer custo, tocar fogo no país e solapar as leis,
independentemente do que seja a essência de um “regime democrático”).
Agora, o inacreditável nisso tudo é ver o líder da
oposição no Senado, Cássio Cunha Lima (que recentemente teve o mandato cassado
por abuso do poder econômico e corrupção), o Aécio Neves (que teve o
“privilégio” de receber de uma das empreiteiras envolvidas no Lava Jato uma “generosa”
doação), o José Agripino Maia (beneficiário de um milhão de reais em operações
do Detran, em Natal, além de outras “mutretas” em estatais federais) e um
Fernando Henrique Cardoso (que comprou votos para ser reeleito, usou das mesmas
“pedaladas fiscais” e torrou o patrimônio nacional através de privatizações
fajutas) posarem agora de “paladinos da moralidade e da justiça”.
É dose, senhores, é dose.
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