TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

A "ODISSÉIA" DOS "ESMERALDO" - José Nilton Mariano Saraiva


Imagine um jovem casal, que houvera contraído matrimônio três dias antes, de repente “se mandar” do Crato, a bordo de um “fuscão-branco” apinhado de pertences, rumo ao desconhecido, mas de encontro ao primeiro emprego do jovem engenheiro recém-formado.

Para tanto, tiveram que trafegar dias e dias (varando terras inóspitas do Ceará, Piauí, Maranhão e Pará), na maior parte do tempo por estradas de barro ou piçarra, sujeitos a atoleiros ou derrapagens imprevisíveis, já que à época “asfalto” era um sonho distante.

E que, em chegando ao destino pretendido (nos rincões do Estado do Pará, estrada Tomé-Açu/Paragominas), instalaram-se à beira da “selva amazônica” (vilarejo Quatro Bocas do Breu), numa rústica “casinha branca” de madeira, longe de tudo e de todos, tendo como fiel companheiro apenas um rádio de pilha para se conectar com a civilização.

Para a jovem esposa, então, que nunca houvera saído do conforto da casa dos pais, uma verdadeira “provação” (mas que alicerçada na fé), porquanto ficava o dia sozinha, enquanto o marido labutava na construção da estrada, longe dali, com retorno apenas ao anoitecer (anoitecer, aliás, que era desvirginado apenas e tão somente pela luz do candeeiro, já que energia elétrica à noite, ali e à época, nem em sonhos).

Posteriormente, devido às fortes chuvas da região, que inviabilizariam o andamento da obra em execução por meses e meses, o jovem casal teve que embrenhar-se ainda mais Brasil adentro, e agora sim, cruzando a portentosa selva amazônica rumo ao planalto central do país (estado de Goiás). Loucura, coragem ou muita fé em Deus ???

Fato é que o “previsível” aconteceu: dividindo aquele “projeto de estrada” com possantes carretas, mas que mal rodavam devido às precárias condições da malha, eis que o “fuscão-branco” atolou de vez, obstruindo a passagem de todos. Como resultado e única alternativa viável, uma inusitada decisão: o tal “fuscão” foi suspenso, no braço, por dezenas de caminhoneiros (com o casal dentro), e colocado de volta à estrada mais à frente, onde prosseguiram viagem rumo à recém-inaugurada capital do Brasil, Brasília.

Estes, apenas dois “suculentos” detalhes da verdadeira “odisséia” vivida por aquele jovem casal cratense que, após penar muito em pleno início da vida matrimonial, mas com uma confiança inabalável no seu “Deus”, conseguiram ao final voltar ao amado torrão natal, o Crato.

No mais, nas 303 páginas do livro “A PRAÇA DOS NOSSOS SONHOS” (Memórias), o hoje maduro casal, conterrâneos Carlos Eduardo Esmeraldo e Magali Figueiredo Esmeraldo, firmam um pungente e inigualável tratado de amor incondicional ao Crato, em suas mais variadas facetas: à praça dos sonhos (da Sé); a praça Siqueira Campos (onde começaram a namorar); a praça de São Vicente; os colégios onde estudaram; a feira semanal do Crato; as casas onde moraram; os amigos; professores e por aí vai. Evidentemente, à família foi reservado destaque especial, com menções a irmãos, primos e, principalmente, aos respectivos pais/mães.

Uma confidência: de tão agradável o livro, o “deglutimos” (lemos) em “duas sentadas”. Resta, então, agradecer a Carlos Eduardo Esmeraldo e Magali Figueiredo Esmeraldo, cratenses dignos do orgulho de todos nós, pela brilhante obra produzida.

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