Imagine
um jovem casal, que houvera contraído matrimônio três dias antes,
de repente “se mandar” do Crato, a bordo de um “fuscão-branco”
apinhado de pertences, rumo ao desconhecido, mas de encontro ao
primeiro emprego do jovem engenheiro recém-formado.
Para
tanto, tiveram que trafegar dias e dias (varando terras inóspitas do
Ceará, Piauí, Maranhão e Pará), na maior parte do tempo por
estradas de barro ou piçarra, sujeitos a atoleiros ou derrapagens
imprevisíveis, já que à época “asfalto” era um sonho
distante.
E
que, em chegando ao destino pretendido (nos rincões do Estado do
Pará, estrada Tomé-Açu/Paragominas), instalaram-se à beira da
“selva amazônica” (vilarejo Quatro Bocas do Breu), numa rústica
“casinha branca” de madeira, longe de tudo e de todos, tendo como
fiel companheiro apenas um rádio de pilha para se conectar com a
civilização.
Para
a jovem esposa, então, que nunca houvera saído do conforto da casa
dos pais, uma verdadeira “provação” (mas que alicerçada na
fé), porquanto ficava o dia sozinha, enquanto o marido labutava na
construção da estrada, longe dali, com retorno apenas ao anoitecer
(anoitecer, aliás, que era desvirginado apenas e tão somente pela
luz do candeeiro, já que energia elétrica à noite, ali e à época,
nem em sonhos).
Posteriormente,
devido às fortes chuvas da região, que inviabilizariam o andamento
da obra em execução por meses e meses, o jovem casal teve que
embrenhar-se ainda mais Brasil adentro, e agora sim, cruzando a
portentosa selva amazônica rumo ao planalto central do país (estado
de Goiás). Loucura, coragem ou muita fé em Deus ???
Fato
é que o “previsível” aconteceu: dividindo aquele “projeto de
estrada” com possantes carretas, mas que mal rodavam devido às
precárias condições da malha, eis que o “fuscão-branco”
atolou de vez, obstruindo a passagem de todos. Como resultado e única
alternativa viável, uma inusitada decisão: o tal “fuscão” foi
suspenso, no braço, por dezenas de caminhoneiros (com o casal
dentro), e colocado de volta à estrada mais à frente, onde
prosseguiram viagem rumo à recém-inaugurada capital do Brasil,
Brasília.
Estes,
apenas dois “suculentos” detalhes da verdadeira “odisséia”
vivida por aquele jovem casal cratense que, após penar muito em
pleno início da vida matrimonial, mas com uma confiança inabalável
no seu “Deus”, conseguiram ao final voltar ao amado torrão
natal, o Crato.
No
mais, nas 303 páginas do livro “A PRAÇA DOS NOSSOS SONHOS”
(Memórias), o hoje maduro casal, conterrâneos Carlos Eduardo
Esmeraldo e Magali Figueiredo Esmeraldo, firmam um pungente e
inigualável tratado de amor incondicional ao Crato, em suas mais
variadas facetas: à praça dos sonhos (da Sé); a praça Siqueira
Campos (onde começaram a namorar); a praça de São Vicente; os
colégios onde estudaram; a feira semanal do Crato; as casas onde
moraram; os amigos; professores e por aí vai. Evidentemente, à
família foi reservado destaque especial, com menções a irmãos,
primos e, principalmente, aos respectivos pais/mães.
Uma
confidência: de tão agradável o livro, o “deglutimos” (lemos)
em “duas sentadas”. Resta, então, agradecer a Carlos Eduardo
Esmeraldo e Magali Figueiredo Esmeraldo, cratenses dignos do orgulho
de todos nós, pela brilhante obra produzida.
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