Após mais de quatro anos de
frenética atividade, quando se valeu inclusive de uma parafernália tecnológica
digna de filmes hollywoodianos (grampeamento de telefones em larga escala, inclusive
da Presidência da República) objetivando encontrar um suposto malfeito, o juiz
de primeira instância Sérgio Moro
findou por condenar o ex-presidente Lula da Silva por um “ato de ofício
indeterminado”.
Em português claro e
cristalino: como não encontrou uma mísera e única prova capaz de sustentar um
parecer minimamente verossímil e consistente sobre pelo menos algum resquício
de crime que houvesse sido cometido pelo ex-presidente, o jeito foi admitir a
“indeterminação”. E fazer uso de tal excrescência.
Não se estranhe, entretanto,
que tudo isso haja sido chancelado in totum pelos parceiros de longa data do
juiz Sérgio Moro, com assento no Tribunal Federal da 4ª Região, em Porto
Alegre, porquanto tornou-se “comum” que aquela corte aprove tudo que vem de Curitiba,
mesmo antes de seus integrantes tomarem conhecimento do que lhes será
apresentado (vide o depoimento do seu presidente, Desembargador Trompson
Flores, quando asseverou ser “irrepreensível” a denúncia de Sérgio Moro contra
Lula da Silva, sem sequer dela ter tomado conhecimento prévio, conforme
comprovado a posteriori). E hoje todos sabemos, porque publicizada, que nas 81
páginas de referida denúncia não consta uma única prova contra o ex-presidente.
Apenas convicções, meras convicções.
A bem da verdade, referido
imbróglio poderia ser facilmente elucidado pelo
tal Supremo Tribunal Federal, se ao menos cumprisse seu papel de
“guardião” da Constituição Federal; e, no entanto, o que vimos foi aquela Corte
Maior se “apequenar” vergonhosamente e atuar como um dos partícipes ativo e
desassombrado do “golpe” parlamentar-jurídico-midiático, a partir do instante
em que se recusou a julgar o “mérito” do impeachment da honesta presidenta
Dilma Rousseff (de onde se derivou tudo o que vemos hoje).
Fato é que, a partir daí a
palavra de ordem foi inviabilizar, de qualquer maneira, a pretensão do
ex-presidente Lula da Silva de concorrer nas eleições para Presidente da
República. Nem que para tanto a Constituição Federal fosse rasgada
diuturnamente, prazos fossem agilizados em desfavor do ex-presidente, processos
não fossem conclusos, decisões fossem tomadas ao arrepio da lei e sentenças
fossem firmadas com base em meras convicções e achismos de um juiz provinciano deslumbrado.
E assim, estupefatos,
tomamos conhecimento da detenção do ex-presidente Lula da Silva, com poucos
meses de antecedência da eleição presidencial, quando todos os institutos de
pesquisa apontavam uma sua vitória esmagadora, provavelmente ainda no primeiro
turno.
Como de nada adiantaram os
recursos apresentados às diversas instâncias (e por essas repassadas ao Supremo
Tribunal Federal para uma decisão final), e a “MÁ VONTADE” tornou-se explícita
no sentido de que aquela Corte não iria permitir em hipótese alguma que
concorresse, Lula da Silva compulsoriamente viu-se diante do seu maior desafio:
mesmo preso numa “solitária” e proibido de se comunicar com seu povo, apontar
um sucessor e recomendá-lo à militância, às diversas alas do PT e àqueles
que de uma ou outra forma sonham com a
volta dos velhos e bons tempos, de quando ele governou o país.
Daí a responsabilidade do
ungido, Fernando Haddad, intelectual paulista vinculado ao PT e que durante os
governos Lula/Dilma prestou relevantes serviços à nação.
Hoje, céticos, tremendo de
medo e/ou mesmo mal-intencionados, alguns segmentos da mídia tupiniquim se põem
a questionar se Lula da Silva terá o carisma e poder suficiente para transferir
ao seu escolhido o “oceano de votos” que as pesquisas lhes atribuíam no momento
em que foi arrancado à fórceps (pelo Judiciário) da corrida presidencial, capaz
até de leva-lo à vitória em primeiro turno (mais de 40%).
Sem dúvida uma tarefa
hercúlea, dada a exiguidade de tempo (faltam apenas três semanas para a
realização do pleito) daí não se ter dúvidas que para Lula da Silva a hora é
essa: provar que, para a maioria do povo, HADDAD é LULA, LULA é HADDAD.
Para desespero do Ministério
Público, Polícia Federal, Tribunais Superiores de uma maneira geral e,
principalmente, Sérgio Moro e sua equipe de procuradores, adeptos de
convicções, achismos e indeterminações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário