Imagina-se que antes
de decidir renunciar à magistratura federal para ingressar na política (já na
condição de Ministro de Estado), o então juiz Sérgio Moro (naturalmente que com
o apoio da digníssima esposa, também atuante na área jurídica, mas
paradoxalmente suspeita de se achar envolvida em “tenebrosas transações” com o
dinheiro público) pesou os prós e os contra de tão radical mudança.
No entanto, como
houvera sido picado pela mosca azul, em razão do repentino “cartaz” obtido
quando chefiou a tal Operação Lava Jato (quando “peitou” deus e o mundo, sem
maiores consequências), optou por fazê-lo ainda durante a campanha do “coiso” à
Presidência da República, na perspectiva de que, em lá chegando, teria a oportunidade
de estender seus tentáculos em outras
áreas governamentais.
Para tanto, dispunha de
um handicap poderosíssimo: um “banco de dados” dos mais completos (e não tão
republicano) sobre milhares e milhares de brasileiros (principalmente da classe
política), obtidos através de um aparato tecnológico digno dos FBI, KGB e CIA
da vida, conhecido por “Guardião” (o mesmo que serviu pra gravar as conversas
de Lula, Dilma e familiares, usadas ilegalmente para alavancar o tal
impeachment).
Além do mais, e visando
a agilidade necessária na operacionalização do próprio, convenceu muitos dos
seus subordinados da Lava Jato para ajudá-lo na tarefa de “dizimar” de vez com
a classe política (se necessário), conforme já preconizara lá atrás em artigo
sobre a Operação Mani Pulite, ocorrida na Itália na década de 90, e que lhe
serviu de “catecismo” quando elaborou a Lava Jato, a saber:
“No Brasil, encontram-se presentes várias das
condições institucionais necessárias para a realização de ação judicial
semelhante. Assim como na Itália, a classe política não goza de grande
prestígio junto à população, sendo grande a frustração pelas promessas
não-cumpridas após a restauração democrática. Por outro lado, a magistratura e
o Ministério Público brasileiros gozam de significativa independência formal
frente ao poder político” (ipsis litteris).
Portanto, não se constitui surpresa nenhuma que, no
primeiro “arranca-rabo” com a classe política, via discussão pública com o
Presidente da Câmara Rodrigo Maia, em razão deste não priorizar e colocar em
votação o seu projeto sobre a reforma do Código Penal, Sérgio Moro haja “lembrado” a todos que Maia fora citado
numa das delações da Petrobras.
Aparentemente sem se
intimidar com o “recado”, Rodrigo
Maia partiu para o ataque e devolveu na mesma moeda, ao afirmar que Sérgio Moro
não passava de um “funcionário de
Bolsonaro” e que o projeto em questão seria discutido com Bolsonaro e
não com ele, Sérgio Moro, já que sem competência para tal.
Fato é que o “fuá” tá
armado, e em Brasília muitos lembram que quando aceitou ser Ministro da Justiça
Sérgio Moro possivelmente já houvera combinado
com o “coiso” que seria uma espécie de “nuvem passageira” na Esplanada dos Ministérios, já que para ele e
seis seguidores já estaria reservada uma vaga no Supremo Tribunal Federal ou - por
que não - uma concorrência à própria Presidência da República, já em 2022.
A pergunta que se
impõe, então, é: será que até que isso aconteça (Sérgio Moro no STF ou
candidato à presidência) ele conseguirá convencer o “coiso” a reverter a
decisão do Presidente da Câmara de só colocar em votação seu projeto sobre
segurança após a votação da questão da Previdência ??? Ou ficará “engolindo
sapo” até lá (o que não condiz com a sua personalidade autocrática e
personalíssima) ???
Há que se considerar,
ainda, que, além de não ser dado a “dar murro em ponta de faca”, Sérgio Moro está
compromissado com os colegas da Lava Jato que “empregou” no Ministério da
Justiça (também renunciaram aos cargos ???) daí nem pensar em “tirar o time”
antes do tempo regulamentar.
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