Quando o “agente
público” se dispõe a contratar (a peso de ouro), uma grande construtora
para a realização de obras estruturais de porte (hidroelétricas, rodovias, usinas, ferrovias, metrôs
e por aí vai), implícita e explicitamente se pactua a responsabilidade da
contratada em prover não só os recursos humanos necessários (peões e especialistas),
mas, principalmente, todo o equipamento pesado e indispensável para a
consecução do planejado. É assim (ou deveria ser) em todo lugar do mundo (aqui
ou na China, na Rússia ou no Afeganistão): construtoras de nome e porte são
proprietárias e/ou tratam de alugar toda a parafernália a ser usada em tais
projetos.
Só que, no
Estado do Ceará, quando da gestão de um dos megalomaníacos irmãos Ferreira
Gomes, a coisa não funcionou bem assim. E a prova da irresponsabilidade
nos foi dada ao tomarmos conhecimento da “herança maldita” deixada pelo
ex-governador Cid Ferreira Gomes para o seu afilhado político e sucessor Camilo
Santana: o “rico” Estado do Ceará (é
vero, senhores, acreditem, não estamos a delirar) “torrou” (ou doou, ou jogou
fora) incríveis e exorbitantes R$ 135.000.000,00 (cento e trinta e cinco
milhões de reais) com a compra de dois “tatuzões”, maquinário a ser utilizado (única
e exclusivamente) na construção da linha leste do metrô de Fortaleza (já pensou,
uma “comissãozinha” de inofensivos 3%, sobre o valor da obra ???).
Há que se levar
em conta, a fim que tenhamos condição de imaginar a dimensão da verdadeira
“insanidade” (só isso ???) perpetrada pelo então governador do Estado (engenheiro
civil, embora nunca tenha projetado ou sequer erguido uma banal choupana de taipa)
que, à época, além do “preço galático” de tão sofisticado equipamento,
estranhamente “pequenos-grandes” detalhes foram “esquecidos” ou
desconsiderados, a saber:
01) para
manobrar/operacionalizar tais equipamentos, obrigatoriamente seriam contratados
“técnicos especializados” e, consequentemente, hiper bem remunerados, onerando
sobremaneira o já combalido orçamento estadual (comenta-se, inclusive, que no
mercado interno não existe disponível tal profissional, tornando-se necessário
buscá-los lá fora);
02) até
a “vovozinha de Taubaté" sabe que o Estado do Ceará não tem a mínima
condição de suprir a energia elétrica (e até a própria “voltagem”) a ser usada
para acionar referidas máquinas, o que, em termos práticos, significa que o tal
maquinário simplesmente não poderia sequer ser “plugado/ligado na tomada”; e,
finalmente,
03) se algum dia, num futuro distante, tal
equipamento tiver condição de ser utilizado, mesmo que por breve período, é
perfeitamente factível questionar qual a destinação que lhe será dada “a
posteriori”, na perspectiva de que Fortaleza não terá tão cedo condição
(econômico-financeira) de comportar-construir linhas de metrô a torto e a
direito.
Assim, há de se
questionar se tão esdrúxula decisão (comprar os “tatuzões”, ao invés de pagar a
construtora pela sua utilização, como é praxe em qualquer lugar do mundo) não
poderia ser enquadrado como um grave ato de “improbidade administrativa”, porquanto
o uso leviano e perdulário do dinheiro público estaria caracterizado, sem se
levar em conta vivermos num Estado onde recorrentemente grassa a fome e a sede.
Fato é que, face
à inoportunidade, à desnecessidade e, principalmente, à deficitária (ou
inexistente) relação “custo-benefício” implícita em sua aquisição, os onerosos
e inoperantes “tatuzões” do Cid Gomes tenderão a se tornar, ao longo do tempo,
símbolos frios, imóveis, silentes, desgastados e emblemáticos do descaso e
desrespeito para com a sociedade e à seriedade.
Verdadeiros
monumentos à insensatez e ao descaso, cadê os “tatuzões” do Cid Gomes ???
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